Com recursos dos mercados doméstico e internacional, o BIC Banco (Banco Industrial e Comercial) – instituição financeira especializada em crédito para empresas com faturamento entre R$ 30 milhões e R$ 300 milhões por ano – conseguiu ampliar a carteira de créditos em 60%, ao somar R$ 4,4 bilhões em operações no fim de 2006. O crescimento propiciou aumento de 27% no lucro líquido do banco, em relação ao ano passado, o que corresponde ao total de R$ 104 milhões.

De acordo com o vice-presidente da instituição, Milto Bardini, a extensão da base de capital para R$ 800 milhões foi o principal foco do planejamento do ano passado e só foi atingida com o recurso de US$ 120 milhões oriundo de dívida subordinada, homologada em setembro pelo Banco Central.

Em entrevista ao Diário, Bardini também destaca a necessidade de completar os recursos domésticos com os internacionais, que possibilitam negócios em períodos maiores. Nesse caso, foi captado mais de US$ 1 bilhão no ano passado. Na soma final, foi contabilizado saldo de R$ 4,6 bilhões em investimentos, que representam a evolução de 57% sobre a cifra obtida no fechamento de 2005.

Diante da aposta dos investidores, o BIC Banco teve retorno superior a 20%, o que deverá crescer ainda mais para este ano, na opinião do vice-presidente. As perspectivas positivas, segundo ele, baseiam-se principalmente na queda da taxa Selic e do Risco Brasil, na abundância de liquidez internacional e no crescimento da concorrência, que força a redução de custos.

DIÁRIO – Sobre os investimentos internacionais, o que atraiu tanto o capital estrangeiro em 2006? Realmente foi a estabilidade da economia brasileira?
MILTO BARDINI – A questão da economia brasileira tem peso relevante, mas acredito que o mais importante é a abundância de liquidez internacional. Existem diversas oportunidades nos mercados emergentes.

DIÁRIO – Tal liquidez continuará neste ano?
BARDINI – 2007 será o ano de crédito para empresa. A liquidez continua e as condições de crédito estão melhores agora do que quatro meses atrás. No Brasil não sentimos mudanças significativas, entretanto os países petroleiros cresceram muito, a China ultrapassou suas reservas em US$ 1 trilhão, não dá nem pra imaginar o que é esse montante. A Índia também está em destaque. Ou seja, o mundo enriqueceu e só tende a crescer.

DIÁRIO – Com base nesse quadro, qual a perspectiva de crescimento do BIC Banco?
BARDINI – Só posso afirmar que será bem acima de 30%. Acredito que nada deterá o progresso.

DIÁRIO – Qual é a participação do banco no Grande ABC?BARDINI – É menor do que o banco deseja e menos do que vai ser. A idéia é investir mais na região, pois concentra grande parte da indústria – chega a ser maior que a do Chile. Temos muito a crescer na Grande São Paulo, no que diz respeito à média empresa.

DIÁRIO – Como o senhor enxerga a iniciativa do governo em criar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)?BARDINI – Todo projeto que visa crescimento econômico é para longo prazo, pois pressupõe a lógica da fundação, em primeiro lugar, depois a cobertura. Querer subverter essa ordem de previamente construir as bases seria temerário. Creio que investir em infra-estrutura é a fundação necessária para promover o crescimento econômico.