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Expedito trocou política pela carreira jurídica
Por Miriam Gimenes
Especial para o Diário
26/12/2005 | 08:13
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Decepção. Este foi o principal motivo que tirou o ex-deputado estadual Expedito Soares (PT) da política, há 14 anos. A atuação, não só do partido como dos “companheiros”, principalmente do ex-ministro e ex-deputado José Dirceu, levaram o advogado a optar apenas pela carreira jurídica, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Mesmo longe da vida pública, Soares se mantem filiado ao partido e garante que votará em Lula no ano que vem.

“Alguns personagens que trabalharam na construção do PT acabaram decepcionado não só a mim, mas a muita gente como o José Dirceu, o Silvinho (Pereira) e o Delúbio (Soares). Essas pessoas não tinham o direito de fazer o que fizeram”, disse Soares. Para ele, escândalos como o mensalão mancharam a imagem ética que o partido defendeu desde sua criação, em 1980. “Ajudei a desenhar a bandeira do PT, além da montagem do diretório municipal”, lembrou.

Soares contou que certa vez, quando era colega de Parlamento de Dirceu, disse a ele que iria apresentar um projeto de lei, indicado por um amigo, que regulamentava a propaganda do governo do Estado. No outro dia, quando foi protocolar a proposta, descobriu que o “companheiro” já havia apresentado o mesmo projeto como se fosse seu, minutos antes.

“Eu reclamei e ele disse assim: Oh! mineirinho, aqui no Parlamento é melhor quem saca rápido, e eu disse: Se eu estou duelando com bandido, adversário político, eu também sei sacar rápido. Mas eu não estou duelando com bandido, estou conversando com um companheiro de bancada, companheiro do mesmo partido”, contou. Para ele, essa foi a gota d’água.

 

Política – O advogado estreou na política em 1982, época em que ganhou a primeira eleição como deputado estadual. Foi reeleito em 1986 e permaneceu no cargo até março de 1991. “Quando você está lá dentro do Parlamento têm muitos sonhos mas, como eu era minoria na Assembléia, todos os projetos de lei que propunha era uma dificuldade de aprovar e isso me desgastou um pouco”. Soares também participou da campanha presidencial de Lula, em 1989.

Soares aponta como principais ações, na época em que ainda era político, o aumento de distritos policiais em São Bernardo, de três para sete. Escolas públicas estaduais também foram construídas durante seu mandato como deputado. “Nós nos reuníamos com a comunidade e montávamos caravanas até a Secretaria da Educação para pressionar”, lembrou.

Movimentos ecológicos para preservação da represa Billings foram destacados pelo ex-deputado. “Tinha um bombeamento muito constante de esgoto, e a gente conseguiu, na época, diminuir e sobretudo colocar na convenção estadual uma emenda para reversão do rio Pinheiros. Assim não teria mais como poluir a Billings”, contou. O projeto de lei que obriga a obra pública do Estado a colocar em uma placa todo o investimento feito e o prazo de término, também é de sua autoria.

Lula – O ex-deputado conviveu com o atual presidente na década de 80, na época em que os dois estavam na direção do sindicato. Soares diz que conhece bem o Lula, mas que ficou “chateado” com seu governo. “Acredito muito no caráter dele, por ser íntegro. Mas acho que o governo dele não deveria ter chegado onde chegou”. Para ele, seria melhor que Lula tivesse errado por ineficiência e não por escândalos de corrupção.

Mesmo assim, não acredita que o presidente tenha feito parte do esquema de mensalão. “Ele errou apenas por manter o Dirceu e o Silvinho na gestão do governo”, explicou. “Mas que eu achava que ele faria mais, isso eu achava”,   Soares afirma votar no petista ainda por ser a melhor opção entre os outros políticos que querem disputar as eleições. “Ele é melhor que muita gente que está se apresentando como candidato”. Para ele, com um segundo mandato, o presidente vai ter a oportunidade de corrigir os erros e fazer um governo melhor. “Acho que acertaria mais do que fez agora”.




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