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Cesta básica sobe 217% no Grande ABC desde 2000

No mesmo período, inflação somou 166,9%; entretanto, mínimo teve valorização maior

Fabio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
23/12/2015 | 07:00
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IDEME


O preço médio da cesta básica no Grande ABC subiu 216,98% entre 2000 e 2015, segundo pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) feita em supermercados de seis cidades da região, exceto Rio Grande da Serra. No mesmo período, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no País, acumulou 166,9% – considerando a previsão do mercado financeiro para dezembro.

Entretanto, de 2000 a 2015 o salário mínimo nacional teve elevação de 421,8%, passando de R$ 151 para R$ 788. No primeiro ano da série histórica da Craisa, a cesta básica custava R$ 153. Ou seja, um salário base não era suficiente para a compra de todos os 34 itens que compõem o pacote, entre hortifrúti, alimentos em geral e produtos para higiene doméstica e limpeza pessoal. Atualmente, a cesta custa, em média, R$ 486,83, e consome 61,78% do mínimo.

O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, destaca que, desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – entre 1995 e 2002 – até, principalmente, o primeiro mandato do petista Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2006), o governo federal iniciou política de valorização do salário mínimo. “Isso só foi possível em razão do controle da inflação”, comenta. Para efeito de comparação, em 1998, o IPCA encerrou o ano com acumulado de 1,65%. Em 2015, deve chegar a 10,7%. “Ou seja, mais recentemente, o salário-mínimo voltou a ‘apanhar’ da inflação”, acrescenta.

Atualmente, o cálculo do reajuste do mínimo é feito considerando o acumulado do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) no acumulado de 12 meses anteriores à data-base mais o percentual de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos atrás.

ALIMENTOS

Entre 2001 e 2015, as carnes bovinas puxaram o aumento na cesta básica. O coxão mole subiu 244,01% e, o acém, 271,65%. Em valores absolutos, as elevações foram de R$ 15,51 e R$ 11,03, respectivamente. O coordenador da pesquisa, o engenheiro agrônomo Fábio Vezzá De Benedetto, cita alguns fatores responsáveis pelo encarecimento. “Ao longo desses anos, com o surgimento da chamada nova classe C, houve aumento na demanda. Isso porque, quando a pessoa tem melhora na situação financeira, a primeira coisa que ela passa a consumir são as carnes.” De Benedetto reforça que a qualidade da produção melhorou durante o período. “O processo passou a ser muito mais profissionalizado, o que eleva os custos.”

O engenheiro chama atenção também para a variação cambial, com o dólar superando, neste ano, a casa dos R$ 4. “Para o produtor, passa a ser mais vantajoso exportar a carne. Por esse motivo, há um aumento no preço cobrado no mercado interno”, justifica.

Em 2015, a cesta básica teve aumento médio de 9,46% ante 2014. Os alimentos que tiveram o maior percentual de elevação foram os de hortifrúti, especialmente a cebola (100,9%), a batata (38,3%) e o tomate (18,%). “Isso se deve principalmente à seca que o País enfrentou no meio do ano. No caso da cebola, a safra paulista foi ruim e a da Argentina também não sustentou a demanda por muito tempo, o que demandou importação da Holanda. Isso fez com que o preço atingisse a máxima histórica, acima de R$ 7 o quilo”, diz De Benedetto.




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