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Ministério Público vai investigar prostituição infantil em parque
Artur Rodrigues
e Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
18/01/2006 | 08:00
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O Ministério Público de Santo André vai abrir um procedimento de investigação sobre prostituição infantil no Parque Celso Daniel. Na terça-feira passada, um professor de idiomas de 41 anos foi flagrado pela Guarda Civil Municipal fazendo sexo oral com um adolescente de 16 anos dentro do parque. O professor foi preso acusado de atentado violento ao pudor. Há indícios de que esse não seja o primeiro crime do tipo no parque. Documentos do programa Andrezinho Cidadão, aos quais o Diário teve acesso, revelam que há denúncias de exploração sexual infantil sistemática no local desde 2003.

Ofício 133/05 relata denúncias de abuso contra crianças de 8 a 12 anos. O documento afirma ainda que várias denúncias anônimas foram encaminhadas ao Andrezinho Cidadão, programa de assistência social da Prefeitura. Entre os casos, está o de um homem encontrado no banheiro do parque em ‘atitudes suspeitas’ com adolescentes. O ofício foi enviado ao Conselho Tutelar que, contatado pela reportagem, informa não ter conhecimento do caso. “Vou checar quem do Conselho Tutelar recebeu o documento, o que eles fizeram. É preciso passar a combater esse tipo de caso”, a-firma o promotor da Infância e da Juventude de Santo André, Ricardo Flório. Ele diz ainda que encaminhará ofício à polícia e à Prefeitura.

Como nas denúncias anteriores, o caso da semana passada ocorreu no banheiro do parque. O menor e o professor estavam na área comum do banheiro masculino. O homem estava sentado no chão, com as costas pregadas na parede. O zíper de sua calça estava aberto e o garoto debruçado sobre ele. Aos guardas, o professor disse que o adolescente o convidou “para uma brincadeira”.

O adolescente tem outra versão para o caso. Diz que chegou no parque acompanhado de u-ma amiga. O professor os teria seguido. “Aí minha amiga foi embora e quando eu fiquei sozinho ele me segurou. Disse que queria fazer sexo comigo, que estava armado. Fiquei assustado, vai que ele estava mesmo”, afirmou o garoto, já ao la-do de sua mãe, na delegacia.

Em revista ao professor, não foram encontradas armas. Ele não tem histórico criminal. Fa-la fluentemente três idiomas: inglês, espanhol e italiano. Em depoimento, o garoto reafirmou sua versão. O professor optou pelo silêncio. Foi encaminhado para a Cadeia Pública da cidade. Se condenado por atentado violento ao pudor, pode pegar de seis a 10 anos de prisão.

Em entrevista ao Diário, a diretora do DAS (Departamento de Assistência Social) da Prefeitura de Santo André, Márcia Leal, afirma que aumentou o contingente de educadores do Andrezinho Cidadão após as denúncias relacionadas no ofício. “Reforçamos ações no local e informamos a Guarda para que a situação fosse melhor monitorada”, afirma a diretora.

A Guarda Civil Municipal informa que faz rondas levando em conta as denúncias e cita a prisão do professor como resultado de tal procedimento. “Crimes do gênero não são práticas corriqueiras dentro do Parque Celso Daniel. Um dos mais freqüentados do Grande ABC, é procurado para a prática de esportes e muitas outras atividades sociais”, afirma a administração municipal por meio de nota.

Recados – Nas paredes do banheiro masculino do Parque Celso Daniel, no entanto, a reportagem encontrou indícios do comércio sexual. Recados amorosos e anúncios de encontros homossexuais convivem ao lado de mensagens homofóbicas. A situação incomoda freqüentadores do espaço. “Com relação aos gays, nunca percebi nada. Mas isso aqui está muito largado. Ninguém cuida. A gente fica fazendo exercício aqui, e do outro lado, naquela árvore, ficam uns moleques puxando fumo”, conta o metalúrgico aposentado Moacir de Brito, 64 anos.

Ericson Salles Abufares, delegado-assistente do 4º Distrito Policial da cidade, responsável pela área do parque, afirma que o último caso registrado de atentado violento ao pudor, antes da semana passada, ocorreu em junho de 2005. Policiais do distrito se disfarçaram de praticantes de cooper e prenderam Fábio Vicente, 18 anos, acusado de estupros nas imediações do parque.

Em dezembro, a Prefeitura de Santo André afirmou que reavaliaria o esquema de segurança no espaço após a morte do ajudante Fabiano José da Silva, 22 anos. Ele morreu afogado no lago do parque após um mergulho noturno. Contatada novamente pela reportagem nesta semana, a administração municipal não informou quais seriam as mudanças na segurança. A Prefeitura informa apenas que faz rondas. O município afirma também que não cogita fechar o parque, que funciona 24 horas diariamente.




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