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Aldo Rebelo foge do assunto
16/12/2006 | 02:12
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No dia seguinte à decisão do Congresso de reajustar os salários, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), fugiu do assunto. Ao chegar a um seminário, realizado ontem pela Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, o deputado avisou que não conversaria com a imprensa. Mesmo diante da insistência dos jornalistas, ele manteve-se em silêncio.

Foi Aldo que articulou o aumento para os parlamentares, em parceria com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os dois tomaram a decisão em reunião com integrantes das Mesas das duas Casas e líderes partidários. Só os representantes do Psol na Câmara e no Senado, e o líder do PT no Legislativo se posicionaram contra.

A postura de Aldo ontem não se alterou nem diante da intervenção do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que estava na platéia do seminário. Depois de os palestrantes discursarem sobre a reforma política, o petista se aproximou e colocou ao presidente da Câmara sua posição sobre o tema.

O senador havia dito antes aos jornalistas que não achou “nada bom” o aumento dos parlamentares. “Achei exagerado.” Ele propôs que a população continue manifestando sua avaliação sobre a decisão e chegou a defender que o tema seja levado a consulta popular.

O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, evitou críticas diretas ao Congresso, mas defendeu que os reajustes deveriam seguir uma linha semelhante à observada no restante da sociedade.

Ele reconheceu como legalmente válido o fato de deputados e senadores obterem aumentos superiores à inflação, mas questionou a amplitude do reajuste. “Em tese, os aumentos deveriam ser compatíveis com os aumentos gerais que a sociedade brasileira está tendo.”

O dirigente petista ainda brincou com o tema. “O único salário que não sobe é o de assessor especial da Presidência”, riu, em referência à posição que ocupa no governo, na área de Assuntos Internacionais.

O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, que também compareceu ao evento, preferiu não se pronunciar diretamente sobre o caso. Indiretamente, porém, fez uma defesa veemente do Legislativo.

Ao falar sobre a reforma política, assunto do encontro, ele defendeu que o Congresso deve ser tratado como instituição fundamental para o país.

“Tem muito poder conservador por trás das críticas que às vezes se fazem ao Congresso”, disse o ministro, em resposta a declarações de outros palestrantes sobre o desgaste da representação parlamentar no Brasil.

Dulci observou que a afirmação nada tinha a ver com o reajuste dos salários dos parlamentares e só representava avaliação geral sobre o sistema político brasileiro.

JUSTIÇA

Um grupo de parlamentares vai entrar com ações na Justiça para tentar barrar o reajuste salarial de cerca de 91%. Várias iniciativas estão sendo preparadas pelo grupo, com ajuda de advogados.

Na segunda-feira, o PPS deverá questionar o reajuste no STF (Supremo Tribunal Federal). “Há uma indignação e uma revolta muito grandes por parte da opinião pública. Como podemos cobrar sacrifício da população, quando se autoconcede um aumento salarial que nenhuma outra categoria teve?”, protestou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) comparou a forma como as Mesas decidiram pelo aumento à ditadura militar. “Usaram a tática da ditadura militar. Não levaram em conta que, na época, a imprensa não era livre. A resistência vai ser crescente”,afirmou.



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