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Moratória da dívida divide a Argentina
Das Agências
25/12/2001 | 18:07
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A declaração de suspensão do pagamento da dívida externa pela Argentina provocou reações díspares entre os que são a favor e os que são contra a drástica medida, temendo o isolamento financeiro do país.

Uma posição radical foi adotada pelo senador Eduardo Duhalde, um dos líderes do Partido Justicialista (PJ, peronista), ao afirmar na casa de Governo que o mundo terá que entender a delicada situação do país, onde acabam de morrer 30 pessoas devido a saques e à revolta social que causou a renúncia de De la Rúa.

"Terão que respeitar a decisão argentina de moratória. Há tempos dizíamos que a situação era insustentável e que não poderíamos continuar pagando a dívida com o sangue de nosso povo", disse Duhalde depois de encontrar-se com Rodríguez Saá.

A Argentina deveria enfrentar o vencimento do principal e dos juros da dívida de US$ 20 bilhões em 2002, embora De la Rúa e seu ministro Domingo Cavallo preparassem uma troca global de bônus para reduzir os juros.

Um comunicado com a assinatura do secretário de Fazenda, Rodolfo Frigeri, precisa que "esta decisão foi tomada em conseqüência da persistente recessão econômica, que, somada à falta de acesso ao mercado internacional de capital, debilitou as finanças públicas trazendo grandes inconvenientes para os argentinos".

"Em breve começarão as consultas com os credores para reprogramar a dívida. Esta reprogramação será uma parte essencial do plano de sustentabilidade econômica que será elaborado para restaurar a liquidez do país e a prosperidade da economia", disse Frigeri.

Em Nova York, analistas consideraram que por enquanto a suspensão de pagamentos por parte da Argentina não acarretará a declaração de moratórias em outros mercados emergentes da América Latina e no mundo, embora o custo do endividamento do Brasil e de outros países aumentará.

Oscar Liberman, diretor da liberal Fundação Mercado, da Argentina, disse que "não ficamos bem como país com esta decisão, mas é uma realidade, já que a nação não está em condições de cumprir os prazos de pagamento".

"O importante é ter um bom programa econômico para negociar de agora em diante com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os organismos multilaterais", disse Liberman.

Para Martín Redrado, presidente da Fundação Capital (FC), o anúncio de Rodríguez Saá "foi uma forma de jogar a bola para a frente".

"O sentido da medida é pôr em ordem de prioridade a pacificação nacional e mostrar depois a nossos credores um plano sério, crível e que se possa cumprir", disse Redrado.

Para Manuel Solanet, da ultraliberal Fundação de Investigações Econômicas Latino-Americanas (FIEL), "é lamentável não cumprir com o pagamento da dívida". "O mercado está reagindo negativamente", afirmou.




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