Política Titulo De saída
Chioro deixa legado de problemas

Ex-secretário em S.Bernardo tem passagem em
Brasília marcada por dengue e avião no Carnaval

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
24/09/2015 | 07:00
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Andréa Iseki/Arquivo DGABC


Prestes a deixar o Ministério da Saúde, Arthur Chioro (PT) tem legado com problemas e resultados questionáveis durante gestão de um ano e oito meses. A presidente Dilma Rousseff (PT) deve anunciar nos próximos dias integrante do PMDB como comandante da Pasta. O favorito é o deputado federal Manoel Júnior, da Paraíba.

Secretário do governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), por cinco anos, Chioro foi escolhido ministro em substituição a Alexandre Padilha (PT), que concorreu ao governo do Estado. Ele foi a Brasília em indicação direta de Marinho (leia mais abaixo).

O período do ex-secretário são-bernardense em Brasília começou de forma conturbada. Reportagem do Diário de setembro de 2013 revelou Chioro como sócio majoritário da Consaúde Consultoria, Auditoria e Planejamento Ltda, que presta serviços para diversas prefeituras no País, inclusive as administradas pelo seu partido. O ato desrespeitou à LOM (Lei Orgânica do Município) e gerou muita repercussão quando Dilma formalizou o convite. Temendo questionamento, ele se afastou da sociedade da empresa.

Outro fator negativo que cai na conta de Chioro foi a explosão dos casos de dengue no País. Pesquisa publicada em março mostrou que o Brasil somou 174.676 registros suspeitos da doença, contra 73.135 o mesmo período de 2014, alta de 139%. O aumento no País foi puxado pela alta de casos observada em São Paulo, onde o crescimento foi de 697%.

Na ocasião, o ministro atribuiu os resultados negativos à falta de empenho de prefeituras e destacou que as temperaturas elevadas, principalmente em São Paulo, contribuíram para a proliferação.

Outra ocasião a repercutir contra o ex-secretário de Marinho foi registrada no Carnaval do ano passado. Recém-empossado na Pasta, Chioro viajou a três capitais do País – Recife, Rio de Janeiro e Salvador –, na companhia de sua mulher, Roseli Regis dos Reis.

O casal utilizou jato oficial para o roteiro, cujo objetivo era reforçar ações de prevenção do governo contra a Aids. À época, o petista disse que levou sua mulher “porque sabe como é o ambiente de Carnaval”. Depois disse que não devolveria o dinheiro pago na viagem, argumentando que foi exclusivamente a trabalho.

QUEDA IMINENTE
No fim de semana, Dilma acertou troca no comando da Saúde, garantindo coordenação ao PMDB, em ato em torno de reforço a governabilidade. Ontem, Chioro reuniu sua equipe e falou da saída, mesmo sem comunicado oficial. O petista teria dito que mesmo que a chefia vá para o PMDB, ele não ficaria, por se sentir “rifado” no governo.

Queda de petista enfraquece Luiz Marinho em Brasília

A saída de Arthur Chioro (PT) da titularidade do Ministério da Saúde enfraquece a força do prefeito Luiz Marinho (PT) dentro do governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

A nomeação de Chioro no ano passado passou por indicação direta de Marinho, em acordo para consolidar apoio e coordenação à campanha de Alexandre Padilha (PT) ao governo do Estado.

Padilha deixou a Pasta para concorrer à eleição – frustrando Marinho – e acabou ficando em terceiro lugar.

O chefe do Executivo são-bernardense não era simpático à candidatura de Padilha, mas foi convencido pela cúpula petista após ganhar chance de indicação na vaga do Ministério da Saúde.

Marinho é pupilo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, não possui mesmo prestígio com Dilma. Ele já criticou a gestão em determinadas decisões, principalmente em questões relacionadas ao ajuste fiscal.

Em outros momentos, o prefeito são-bernardense criticou o perfil da chefe da Nação. Em outubro, pouco depois da vitória da petista sobre o senador Aécio Neves (PSDB), Marinho atribuiu o resultado apertado nas urnas à falta de diálogo da presidente com movimentos populares.

BAIXA
A saída de Chioro deixa a representatividade do Grande ABC na Esplanada dos Ministérios restrita a Miriam Belchior (PT-Santo André), que atua no comando da Caixa Econômica Federal.
Até 2014, a região era representada por Gilberto Carvalho, também de Santo André, em cargo de chefia na Secretaria-Geral da Presidência. Sua saída ocorreu no fim do ano passado, antes do início do segundo mandato de Dilma.
 




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