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Dia das Mães segura indústria paulista no 1º quadrimestre
Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
Com AE
02/06/2005 | 08:27
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A sazonalidade manteve a produção industrial paulista aquecida no mês de abril. Essa é a explicação para o crescimento de 2,2% em abril com relação a março, o melhor resultado da indústria do Estado em 2005, de acordo com o INA (Indicador do Nível de Atividade), medido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). O resultado do mês sem o ajuste sazonal – que reduz as influências características de cada mês – mostra queda de 0,5%.

Na avaliação do Ciesp e da Fiesp, o crescimento da indústria foi mantido pela produção para o Dia das Mães e para o Dia dos Namorados, além da produção de bens de consumo não-duráveis, especialmente no setor de alimentos e bebidas, que teve alta de 5,2% em abril.

Os resultados da indústria paulista, segundo o levantamento, contrastam com a variação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no primeiro trimestre deste ano, de crescimento de apenas 0,3%. Nos primeiros quatro meses de 2005, a atividade da indústria paulista cresceu 4,8% em relação ao mesmo período de 2004.

Vendas – Para Feres Abujamra, diretor-adjunto do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, o aumento do crédito pessoal ajudou a manter em alta as vendas reais no primeiro quadrimestre de 2005 ante o mesmo período do ano passado, em 12,2%. As vendas altas significaram que os níveis de encomendas às indústrias foram elevados.

Ainda sobre as vendas reais da indústria, o indicador mostra queda de 3,3% em abril sobre março, sem ajuste sazonal. Um dos fatores que explica essa queda, segundo Abujamra, é o alto nível de estoques. “Os empresários se prepararam para um primeiro trimestre forte, que não se realizou. Por isso, os estoques continuam altos”, disse.

Expectativas – Os juros e o câmbio continuam a preocupar a indústria paulista. Segundo Abujamra, o INA dessazonalizado pode cair para o patamar negativo já no próximo mês, refletindo o impacto das altas taxas e da apreciação do real.

Na indústria de embalagens, por exemplo, disse o diretor, já se registra uma queda de 20% nos pedidos quando se comparam o primeiro quadrimestre de 2005 e o último de 2004. “A expectativa para os próximos meses não é alvissareira”, disse.

Para Walter Bottura, diretor-adjunto do Ciesp de Diadema, “não há dúvidas” de que a atividade da indústria paulista irá cair nos próximos meses. “Muitos contratos de exportação terminam até o final do primeiro semestre, e muito provavelmente não serão renovados. Isso com certeza irá reduzir o ritmo de produção da indústria, inclusive no Grande ABC”, afirmou.

Investimentos – A pesquisa destaca queda de 0,6% na atividade da indústria de máquinas e equipamentos em abril contra março. Segundo o diretor-adjunto do Departamento de Economia do Ciesp, Antonio Corrêa de Lacerda, o recuo mostra que as indústrias não estão investindo e anuncia uma queda maior do INA para os próximos meses.

“A queda no nível de atividade do setor de máquinas e equipamentos é um péssimo sinal para a indústria como um todo, porque demonstra o baixo investimento em estrutura e expansão. Estamos vivendo um contexto que não incentiva investimentos, com uma política de juros elevada combinada com uma taxa de câmbio não competitiva”, afirmou.




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