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Brasil suspende uso de vacina
da Astrazeneca em gestantes

Morte no Rio motivou determinação; na região só São Caetano havia iniciado imunização neste grupo

Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
12/05/2021 | 00:03
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Pixabay


O Ministério da Saúde interrompeu ontem o uso da vacina de Oxford/Astrazeneca em gestantes e puérperas após o registro da morte de uma grávida do Rio de Janeiro que havia sido vacinada. O evento adverso já havia feito a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) orientar, na noite de segunda-feira, a interrupção da utilização do imunizante nesse grupo populacional.

No Grande ABC, apenas São Caetano já havia começado a vacinação neste grupo. A Prefeitura informou que nove gestantes receberam a vacina da Astrazeneca na segunda-feira e agora serão acompanhadas pelos próximos 15 dias por equipe de médicos. As outras cidades iniciariam a vacinação ontem e conseguiram abortar o processo após o comunicado emitido pela Anvisa.

A decisão do Ministério da Saúde foi tomada por precaução até que seja concluída a investigação para determinar se o óbito tem ligação com a vacina, o que deve ocorrer nos próximos dias. A pasta informou que a gestante morta tinha 35 anos e morava no Rio de Janeiro. De acordo com a Anvisa, a paciente teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico, que resultou no óbito da mulher e do feto.

O órgão federal determinou também que a campanha de imunização fique restrita a gestantes com comorbidades, que são as que têm o maior risco de agravamento da doença e para quem os benefícios da vacina superam eventuais riscos. Assim, apenas gestantes com alguma doença crônica poderão ser vacinadas e somente com os imunizantes Coronavac ou da Pfizer.

Segundo a Anvisa, a vacina da Astrazeneca não deveria estar sendo ministrada em gestantes, já que a bula do imunizante não recomenda a aplicação em grávidas sem prescrição médica individual. “A orientação da Anvisa é que a indicação da bula da vacina Astrazeneca seja seguida pelo PNI (Programa Nacional de Imunização)”, diz a nota da agência.

De acordo com o ministério, os eventos adversos das vacinas contra o coronavírus são extremamente raros. Até ontem, das 22.295 gestantes imunizadas contra a Covid no País (somadas as aplicações das vacinas da Astrazeneca, Pfizer e Coronavac), foram registrados 408 eventos adversos, dos quais 11 foram considerados graves. Oito deles já tiveram a relação com a vacina descartada.

Sobre as gestantes que já tomaram a primeira dose da Astrazeneca, a orientação do ministério é esperar a conclusão da investigação do caso e novas recomendações federais antes de tomar a segunda dose. Essas mulheres também não devem receber o reforço de outro fabricante já que não há estudos sobre eficácia e segurança da mistura de imunizantes diferentes.

O obstetra e secretário de Atenção Primária à Saúde do ministério, Raphael Parente, esclareceu que a própria gravidez aumenta o risco de problemas de coagulação, como tromboses, e que, por isso, é preciso finalizar a investigação para determinar se foi a vacina a causadora do óbito. “Por ano, são esperados 3.000 casos de trombose entre gestantes”, disse Parente

A coordenadora do PNI, Francieli Fantinato, disse que os eventos adversos são extremamente raros e o risco de uma gestante morrer de Covid é muito maior do que qualquer risco da vacina. “O número médio de internações de gestantes por Covid é de 200 por 100 mil gestantes. (O número de) Óbitos é de aproximadamente 20 por 100 mil. E a trombose por plaquetopenia pós-vacinação é um caso por 100 mil. Esse é um evento bastante raro”, declarou.
 




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