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Maternidade tardia avança no Grande ABC

Em uma década, proporção de mulheres que tiveram filho após os 30 anos saltou de 33,76% para 45%

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
07/11/2018 | 07:00
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Pixabay


As mulheres têm adiado cada vez mais a gestação para investir na carreira, aguardar estabilidade financeira ou simplesmente se sentir prontas para ser mães. Essa é a realidade do Grande ABC, como mostram os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre Registro Civil, divulgados na semana passada. Em dez anos, aumentou a proporção de mulheres que deram à luz após os 30 anos, passando de 33,76% do total de registros em 2007 para 45% em 2017. No mesmo período, houve queda de 2,85% no número de bebês que vieram ao mundo, passando de 36.657 para 35.609.

Os índices regionais também refletem realidade nacional. Em todo o País, a proporção de mulheres com mais de 30 anos que deram à luz no ano passado representa 35,1% do total de nascimentos daquele ano. Em 2007, o índice era de 25,7%. “Os dados nos mostram que as mulheres vêm adiando a maternidade, porque a proporção de mães que tiveram filhos na faixa dos 20 anos ou menos vem caindo gradativamente (veja arte acima). A mulher também vem se casando mais tarde, o que colabora para o crescimento da taxa de fecundidade após os 30 anos de idade”, explica a gerente da pesquisa, Klivia Oliveira.

A estatística Simone de Azevedo Silvestri morava em São Bernardo quando teve o primeiro filho, no ano passado, então com 35 anos. Adiar a gestação não foi exatamente uma decisão, mas consequência natural de estar focada nos estudos e no trabalho até os 30 anos. “Em 2012, fiz uma cirurgia e o médico disse que minhas chances de engravidar eram pequenas. Quando me casei em 2014 não cheguei a me proteger por conta dessa dificuldade”, explica. A gravidez em 2016 foi uma surpresa, mas também a realização de um desejo. “Foi bem tranquilo, se não fosse a barriga nem ia lembrar que estava grávida”, brinca. Simone ainda pretende ter outro filho antes dos 40 anos.

O professor titular da disciplina de Saúde Sexual, Reprodutiva e Genética Populacional da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e presidente do Instituto Ideia Fértil de Saúde Reprodutiva, Caio Parente Barbosa, explica que a principal consequência de se adiar a maternidade é o maior risco de infertilidade. “Uma mulher que aos 30 está fértil, aos 35 pode ter um mioma, uma endometriose, falência ovariana, e se ver em uma situação de não poder mais ter filhos”, explica. “Por outro lado, a mulher de hoje com 35, 40 anos, não tem a mesma condição que a mulher da mesma idade tinha há 30, 20 anos, então as condições de saúde dela, na grande maioria dos casos, é compatível com uma gestação saudável”, relata. “Mas é preciso lembrar que após os 30 anos também aumenta a possibilidade de o bebê ter síndrome de Down”, completa.

Para o especialista, a queda na proporção de mulheres de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos que deram à luz ainda é pequena, e as autoridades precisam abordar a situação como uma questão de Saúde pública. “Ainda que entre 20 e 24 anos a gente possa supor que a mulher quisesse ter um filho, normalmente, ela ainda não está formada em sua profissão. Ela ainda tem série de coisas para realizar”, opina. “Entre 15 e 19 anos, aumenta a chance de ter sido uma gestação não planejada, que pode implicar em série de restrições e até perpetuar um ciclo de pobreza”, pontua. “Ainda existem falhas importantes no planejamento familiar e na educação sexual dessas meninas”, finaliza. 




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