Política Titulo Linha 18
Doria critica tributo sugerido por França

Governador prometeu adotar contribuição de melhoria para tirar Linha 18 do papel: ‘É o Márcio Taxa’

Por Raphael Rocha
15/08/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Candidato do PSDB ao governo de São Paulo, o ex-prefeito da Capital João Doria criticou a proposta do atual governador do Estado e postulante à reeleição, Márcio França (PSB), de criar a “contribuição de melhoria”, uma espécie de imposto para imóveis impactados positivamente com a construção da Linha 18-Bronze (Tamanduateí-Djalma Dutra), que ligaria o Grande ABC ao sistema de Metrô.

Em visita ao Diário, Doria lembrou de uma entrevista dada por França justamente ao jornal, na qual o socialista afirmou apostar nesse tributo para auxiliar no custeio da obra, que segue no papel desde 2014, quando o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinou o contrato de PPP (Parceria Público-Privada) com o Consórcio Vem ABC para construção do modal de monotrilho.

“Com muita surpresa, ao ler o Diário, vi a entrevista do governador Márcio França dizendo que vai taxar imóveis da extensão do Metrô que viria para São Bernardo, passando por São Caetano e Santo André. É o cúmulo”, disparou o tucano, que ironizou o nome dado por França. “Ele falou em contribuição de melhoria... Essa turma da esquerda sempre encontra uma expressão bonita para dizer que vai taxar, que vai criar imposto. Eles são ótimos de criar neologismo. É taxa. Antes tínhamos a ‘Martaxa’ (apelido dado à ex-prefeita da Capital Marta Suplicy, antes do PT, hoje sem partido). Agora temos o ‘Márcio taxa’.”

Segundo o tucano, implementar a contribuição de melhoria é ignorar todos os transtornos que o morador dos entornos terá com a obra. “É uma intervenção cara e difícil, temos de reconhecer. Durante quatro, cinco anos o cidadão terá de conviver com trânsito pior, com desvalorização de seu imóvel, com poeira diária. E depois você recebe uma carta dizendo que nos próximos dez anos terá de pagar uma taxa? É uma bobagem sem tamanho. Até me surpreende um homem como o Márcio França falar algo assim.”

Doria assegurou que, se eleito, vai tirar a Linha 18-Bronze do papel. Atualmente, o projeto ainda depende de liberação de recursos externos para desapropriações – o governo do Estado recorreu ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e à Caixa Econômica Federal, mas o empréstimo não foi liberado pelo governo federal, avalista do negócio.

“Primeiramente vamos propor ação em conjunto com as prefeituras, de Santo André, de São Bernardo e de São Caetano, já que há terrenos no trajeto que pertencem a esses municípios. Também vamos procurar os bancos mundiais, Metrô é necessidade popular, é prioridade, favorece a população. E também mostra a importância de se eleger Geraldo Alckmin presidente”, discorreu. “Vamos também atrás do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Como um banco desses financia a JBS, a construção de porto em Cuba, autoestrada na Venezuela? Vale lembrar, todas autorizações dadas pelo PT. E não ajuda o Grande ABC, onde o (ex-presidente) Lula dizia ser o rei da cocada preta. Conheço os presidentes e diretores do BID e do Banco Mundial. Vamos atrás deles. O Metrô para o Grande ABC vai sair se eu for eleito.”


Em ato, tucano mira discurso contra PT

Em evento ontem em Santo André às vésperas da largada das campanhas eleitorais, o candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, João Doria, mirou o discurso em ataques contra o PT, principalmente focado na figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamando atenção pelo tom de caráter nacional. “O nosso País pertence aos brasileiros. Não é de quem idolatra Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, ditaduras africanas”. Estratégia semelhante foi adotada pelo tucano no pleito de 2016, quando elegeu-se prefeito da Capital, embora, na ocasião, tivesse o petista Fernando Haddad como principal rival.

A fala de Doria se deu no palco do Clube Primeiro de Maio, na entrega de título de cidadão andreense ao tucano, e que recebeu cerca de 1.500 pessoas, entre apoiadores, candidatos a deputado, secretariado das administrações municipais e parlamentares, além dos prefeitos correligionários Paulo Serra (Santo André), Orlando Morando (São Bernardo) e José Auricchio Júnior (São Caetano). “Não nasci rico e não nasci feito. Aliás, o Lula afirmou, em discurso, de julho de 2016, que eu não sei o que é trabalhar, que eu não tinha carteira de trabalho. Comecei com 13 anos, registrado, já pagava conta de luz, com salário mínimo. Sei o que é trabalhar honestamente. Essa é a lição, não de roubar. Eu não fiz filhos milionários, como o Lula fez.”

Doria sequer citou os rivais no pleito ao governo estadual. Ele alegou, em entrevista, que usou esse viés pelo fato de o Grande ABC ser considerado a “terra do PT e de Lula”. “Faço questão de deixar essa marca”, disse, ao lembrar que a única cidade que aceitou participar no segundo turno da eleição de 2016 foi São Bernardo, na empreitada de Morando. “Exatamente para marcar meu antagonismo com o Lula e o petismo, e apoiar o Orlando. Estou em nome do povo brasileiro decente e honesto, que não quer Cuba, não quer Venezuela, não quer ladrões. Por isso, fiz questão de estar em Santo André, e fazer discurso de valorização dos bons brasileiros e condenação dos maus brasileiros, aqueles que acreditam que Lula ainda pode salvar o Brasil. Não faz menor sentido presidiário desejar ser candidato a presidente. Só na cabeça de petistas, esquerdistas e vigaristas.”

Durante a fala, Doria prometeu, entre as propostas, reforma das estações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), unidade do Baeps (Batalhões de Ações Especiais de Polícia) na região e destravar a construção da Linha 18-Bronze.

Anfitrião, Paulo Serra frisou que o ato serviu para reforçar promessas assumidas com a região. “É o mais importante. Faz com que compromissos se tornem obrigatórios, caso ele venha ganhar a eleição. Ele reforçou muito questões estruturais, fundamentais para o Grande ABC, em especial com a Linha 18-Bronze. Essa vinda reforça esses compromissos.” 




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