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Eleita melhor música, 'Inútil' é a cara do País nos anos 1980
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
17/07/2009 | 07:00
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No início dos anos 1980, os brasileiros viviam o processo de redemocratização do País, após duas décadas de regime militar. Entretanto, ainda não podiam escolher o presidente da República. Repleta de craques, entre eles Zico e Sócrates, a seleção de futebol jogou bonito, mas foi eliminada na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Foi nesse contexto que o cantor e compositor paulistano Roger Rocha Moreira, da banda Ultraje a Rigor, compôs Inútil, eleita melhor música do rock nacional em todos os tempos, segundo enquete promovida pelo Diário com 80 músicos. "Tinha voltado dos Estados Unidos, onde morei de 1979 a 1980. O pessoal que sempre morou aqui não tem noção do que é viver em uma democracia plena. Naquele tempo, o Brasil estava em uma fase de abertura política, no fim da ditadura, e havia a campanha Diretas Já!", relembra Roger.

LETRA E MÚSICA - O refrão foi o ponto de partida para a composição da letra de Inútil. Em princípio, Roger cantarolou uma frase em inglês que tinha sonoridade similar ao título da música (why don't you?). Além das citações políticas, o autor misturou referências pessoais e do universo esportivo (presentes no verso "a gente joga bola e não consegue ganhar").

"O Brasil perdeu a Copa, com um time ótimo, e perdeu o restinho de orgulho que a gente tinha. Na época, o Leospa, nosso baterista, trabalhava como arquiteto e tinha cliente que falava: ‘A gente somos, a gente fomos'. Meu pai também costuma dizer: ‘Seu inútil'. Enfim, foi tudo isso junto", explica o compositor.

Pontuada pelo riff marcante do ex-guitarrista do Ira! Edgard Scandurra, que integrou a primeira formação do Ultraje, a melodia de Inútil tem apenas dois acordes: mi e sol. "Ela é supersimples de propósito, para ser uma coisa bem inútil mesmo. Pedi para o Edgard fazer um riff no começo da música e ele fez na hora."




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