A inflação é a maior ameaça enfrentada pelo Brasil e pelo resto do mundo, afirmou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao tradicional jornal britânico Financial Times.

Meirelles fez um apelo aos outros bancos centrais, para que se juntem à tarefa de manter os preços internacionais sob controle. "A maior preocupação para o Brasil e o resto do mundo nos próximos 12 meses é a inflação."

Segundo ele, há risco de que os preços dos alimentos e matérias-primas (commodities) continuem subindo. "Se cada banco central decidir que esse é um problema para os outros países, ninguém vai fazer nada e haverá inflação pelo mundo todo."

No entanto, Meirelles disse estar confiante de que as demais autoridades monetárias agora voltarão suas atenções para combater o desafio da inflação. "O importante é que estamos vendo as autoridades em geral tomando uma atitude diferente, o que é bem-vindo", disse.

O Financial Times lembrou que o BC brasileiro começou a elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, em abril deste ano, com o aumento de 0,5 ponto percentual, depois de dois anos de desaperto.

Em junho, o juro subiu novamente mais 0,5 ponto percentual, para os atuais 12,25% ao ano.

Conforme o jornal britânico, muitos ficaram surpresos com o fato de o BC já iniciar o processo de alta com uma elevação de meio ponto. Meirelles, no entanto, afirmou que, em razão dos recentes aumentos de preços, poucos economistas acham que o Banco Central tem sido excessivamente agressivo.

APERTO - Segundo ele, não é possível prever quanto tempo o ciclo de aperto vai durar. "Nós temos de tomar cuidado com o balanço entre oferta e demanda para ter certeza que os aumentos de preços no atacado não serão repassados ao varejo", afirmou Meirelles.

Para o presidente do BC, já há evidências de uma inflação mais espalhada pelo varejo nas últimas semanas.

Meirelles avalia ainda que o governo brasileiro está atento sobre a necessidade de impor maiores restrições na administração dos gastos públicos.