Economia Titulo Indústria
Balas Juquinha reabrirá no Interior

Empresa, que funcionou em Sto.André por 28
anos, deve transferir sua produção para Araras

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
17/06/2015 | 07:00
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


Fechada há cerca de dois meses e adquirida por empresário do Rio de Janeiro, a Balas Juquinha irá retomar as atividades ainda neste ano. Entretanto, a fábrica não será no Grande ABC, onde funcionou durante 28 anos em galpão na Avenida dos Estados, em Santo André. A produção deverá ser transferida para o interior de São Paulo.

Comprador da marca, o empresário Antônio Tanque, 57 anos, revela que o trabalho de manufatura dos produtos será terceirizado. Segundo ele, já estão avançadas as negociações para que as balas e pirulitos Juquinha sejam fabricados pela empresa Doces Confirma, localizada em Araras (a 170 quilômetros da Capital). Ele não detalha os motivos que pesaram na decisão pela mudança de endereço. “Foi falta de oportunidade de realizarmos o negócio.”

O investimento na compra da marca não foi informado. Entretanto, Tanque estima que, para reiniciar a produção, devam ser aplicados cerca de R$ 250 mil. “Começaremos gerando emprego para mais de 20 pessoas”, avalia. No auge de seu funcionamento, entre o fim da década de 1990 e o início dos anos 2000, a Balas Juquinha chegou a fabricar 600 toneladas por mês. “No último mês, o volume gerado era o equivalente a apenas 10% disso”, diz o empresário.

Após a retomada das atividades, deverão ser feitas aproximadamente 50 toneladas de balas e pirulitos por mês. Apesar de o número ser baixo, Tanque diz que a empresa terá metas ambiciosas de crescimento, mas que os percentuais ainda não foram definidos.

Para reconquistar espaço no mercado nacional, o empresário planeja melhorar a distribuição. “Vamos focar os parceiros nos pontos de venda de ‘atacarejo’, que vendem em quantidades que são grandes para o consumidor final, mas adequadas para os comerciantes, e deixar a cargo deles o repasse aos revendedores”, explica. Também há o interesse de manter as exportações – que representavam cerca de 50% do volume comercializado pela empresa.

Para exemplificar os problemas na distribuição, Tanque, que é síndico do Mercadão de Madureira, no Rio de Janeiro, cita que os produtos da Balas Juquinha eram encontrados com mais facilidade naquele Estado do que em São Paulo.

NOVIDADES

Além da linha tradicional, o empresário planeja criar linha de guloseimas sem açúcar. “A bala de tutti-frutti não tinha corante. Vamos manter isso. Inclusive, se pudermos tirar o corante de outros produtos, também faremos.” A fórmula das balas Juquinha foi levada por Tanque de helicóptero ao Rio de Janeiro no dia 16 de abril.

Para rejuvenescer a marca, foi feita mudança no logotipo – que, antes, era apenas o rosto sorridente de uma criança. Agora, o menino terá corpo e aparecerá em versões praticando esportes, como o futebol. “Além de atrair as crianças, a ideia é dissociar guloseima de obesidade. A questão hoje é que os jovens praticam pouco esporte. Não é o doce o problema”, comenta o publicitário Gabriel Joaquim, 31 anos, que criou o novo conceito.

FECHAMENTO

O antigo dono da empresa, o italiano Giulio Luigi Sofio, desativou a fábrica após 70 anos de funcionamento. Ele era o proprietário da Balas Juquinha desde 1982. Antes de vir para Santo André, a fábrica era localizada na Zona Norte da Capital.

O novo proprietário diz que o motivo da desativação foi o desinteresse dos filhos de Sofio em dar continuidade ao negócio. O empresário italiano não se manifestou.

Dirigentes do sindicato dos trabalhadores do setor acrescentam que a queda do dólar ante o real nos últimos anos prejudicou os ganhos com as exportações.

Produto estava esquecido em lojas da região

Apesar da paixão dos mais saudosistas, os produtos da Balas Juquinha já não eram encontrados no Grande ABC há algum tempo. Isso porque os vendedores da fábrica, que levavam a mercadoria para os comércios, não faziam a oferta há pelo menos três meses, segundo lojistas.

“Era um produto bastante conhecido, mas não muito consumido. O pessoal mais velho comprava mais. Entretanto, não chegava para mim há três meses”, afirma a proprietária de duas barracas de doce em Mauá, Camila Salgado Silva, 43 anos.

Dono de doceria em Santo André, Lauro Silva Souza, 32, não comercializava as balas da marca, pois trabalhava com mercadorias de concorrentes. Mesmo assim, notou que o vendedor da Juquinha não aparecia há pelo menos seis meses.

“Há um ano não vendemos mais, mas ainda tem gente que procura”, conta a comerciante Maristela Velani Feitosa, 39, que tem a loja em Santo André há 17 anos. Apesar da perda, ela não sentiu tanta diferença nas vendas. “Temos muita variedade de produtos por aqui, com preços semelhantes ou até mais baratos”, comenta.

A equipe do Diário percorreu na tarde de ontem diversas lojas na região, e encontrou as balas Juquinha em apenas uma, na Vila Homero Thon, em Santo André. “Costumava vender bastante antigamente. Todo mundo conhecia a marca, era uma das mais procuradas, principalmente por adultos”, conta o dono.

Pelas redes sociais, internautas comemoraram o fato de as guloseimas voltarem a ser produzidas. (Marina Teodoro) 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;