Economia Titulo Maior poder de compra
Baixa renda vai reaquecer economia

Para especialistas, agregar poder de compra às classes mais baixas é estratégia para retomar o giro da economia

Por Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
31/03/2009 | 07:00
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O valor que será injetado no mercado deverá chegar às mãos das pessoas certas. Esse é o objetivo maior das medidas de redução de tributação anunciadas pelo governo. Para especialistas, agregar poder de compra às classes mais baixas é a estratégia básica para retomar o giro da economia.

"A medida vem para manter postos de trabalho de pessoas de baixa renda. Não adianta dar emprego para os poupadores, o dinheiro tem de estar em circulação na economia", aponta Antonio Faricelli, professor de Economia da UniABC. "É um público que faz prestação, compra bens duráveis e estimula a indústria manufatureira em diversos setores."

O efeito da medida deverá ser rápido, tendo em vista que estimula setores da economia de longa cadeia produtiva. Tanto a construção civil quanto o setor automobilístico empregam maciçamente o perfil alvo da ação do governo. "Cria-se uma cadeia positiva de emprego, convocando de volta ao mercado os trabalhadores de baixa renda de forma rápida", aponta Faricelli, que divide a opinião com Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios. "O efeito vai ser rápido e começará por dois setores bastante influentes, com grande efeito multiplicador", explica Leite. No entanto, os três meses de vigor das decisões não convenceram o especialista. Para Leite, "a medida em construção vil deve durar o ano todo", em prorrogações como no caso do IPI.

Com o primeiro semestre tradicionalmente desaquecido graças à quantidade de impostos e compras decorrentes do início do ano, o primeiro sinal de reversão do cenário deverá vir a partir de agosto, quando as festividades, o alívio dos compromissos anuais e a chegada da primeira parcela do 13º salário oferecem uma trégua ao bolso do brasileiro. "No segundo semestre estaremos começando mostrar um bom desempenho", avalia Leite.

Olivier Girard, da diretoria de transporte e logística da Trevisan Consultoria, no entanto lembra que tais medidas não podem ter caráter permanente. "É o ideal para o mercado voltar ao normal. Três meses é a medida." Girard entende que a renúncia fiscal não deve prejudicar os cofres do governo, uma vez que "os impostos em folhas de pagamentos e outros tributos que ficaram sem ajustes devem compensar as perdas."

Especializado no mercado automotivo, Girard vê a medida com otimismo "Estimo que o volume de vendas vá continuar alto. O mercado ainda tem fôlego."

Em três meses, o especialista já espera um retorno dos volumes de exportação. "A recuperação será paulatina, mas teremos uma realidade positiva, bem inferior ao ano passado, mas satisfatória."




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