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Em evento, Orlando critica Jair Bolsonaro

Ao abordar pandemia, prefeito de São Bernardo disse que governantes não devem ser frios

Por Arthur Gandini
Do Diário do Grande ABC
05/02/2022 | 04:31
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Divulgação/PMSBC/Omar Matsumoto


O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), disparou ontem contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao abordar o tema da pandemia da Covid-19. As declarações críticas foram feitas no evento de troca de nome do Viaduto Castelo Branco, que faz a ligação entre a Avenida dos Flamingos, no bairro Independência, e a Estrada Samuel Aizemberg, no bairro Alves Dias. O local passou a se chamar João Fernandes Filho, em homenagem ao pai do vice-prefeito Marcelo Lima (PSD), que faleceu em setembro de 2020 em decorrência do novo coronavírus.

“Infelizmente, a vacina não chegou a tempo para 700 mil brasileiros. Se tivéssemos vacinado (mais cedo), sinto que o seu João estaria aqui. O máximo que a gente pode fazer é deixar o registro para que tragédias como essa não se repitam. Não sei se a história moderna viverá outra pandemia, outra tragédia como essa”, lamentou Orlando na agenda pública.

O tucano está cotado para ser candidato a vice-governador do Estado de São Paulo junto ao atual vice Rodrigo Garcia (PSDB), que ocuparia a cabeça de chapa. Garcia faz parte do grupo político do atual governador, João Doria (PSDB), crítico a Bolsonaro e ao gerenciamento da pandemia conduzido pelo governo federal. 

“Não devemos ter governantes frios. (Para) Pessoas que governam, o primeiro quesito é gostar de gente. Não adianta gostar com palavra e discurso. Precisa gostar das pessoas respeitando, cuidando delas”, disparou o chefe do Executivo.

Durante a crise sanitária, declarações de Bolsonaro em relação às vítimas do coronavírus ganharam repercussão. O chefe do Palácio do Planalto afirmou, por exemplo, que a Covid-19 se tratava de uma “gripezinha” e que não era “coveiro” para lamentar o número de mortes no País em decorrência do coronavírus. Bolsonaro também recusou ofertas da farmacêutica Pfizer/Biontech para adquirir imunizantes no fim de 2020. Deu início à campanha de vacinação após a aplicação da Coronavac, importada pelo Instituto Butantan, ser encampada por João Doria na Capital. 

Orlando criticou a conduta de Bolsonaro. “Eu fiz tudo que estava ao meu alcance. Não acho que o nosso atual presidente fez pela humanidade (o mesmo). Tinha vacina para ser vendida, foi oferecida. Só não chegou em tempo porque não quis comprar. Isso eu não vou deixar de registrar. Perdemos milhares de pessoas. Podíamos ter aqui o seu João com a gente”, defendeu.

O tucano utilizou a temática da homenagem para abordar o fator humano das consequências da crise sanitária. “A pandemia, junto com as vidas, levou alegria, sonhos, ideias, dizimou famílias inteiras. A gente acompanhando o noticiário, teve famílias que desapareceram”, afirmou. 

Homenagem póstuma emociona a família

O evento de renomeação do viaduto teve a presença de diversos familiares de João Fernandes Filho. Entre eles, estiveram o vice-prefeito Marcelo Lima (PSD), o vereador da cidade Danilo Lima (PSDB) e a viúva Maria Aparecida de Lima Fernandes. Também compareceram secretários de governo e parlamentares da Câmara Municipal. O projeto que autorizou a denominação foi aprovado por unanimidade, com vereadores da situação e oposição favoráveis. A obra foi entregue em outubro de 2018.

A cerimônia ocorreu em meio à emoção por parte da família de João Fernandes. Marcelo Lima lamentou as vítimas provocadas pela pandemia desde março de 2020, quando teve início no País. Até ontem, São Bernardo havia acumulado 3.451 mortes em decorrência da Covid-19. “Eu tenho certeza que todos aqui perderam um amigo ou um conhecido. Perdi não só um pai, um amigo, um líder, meu braço direito. Dói demais”, lamentou.

Já o vereador Danilo Lima, sobrinho de João Fernandes e primo de Marcelo, relatou que contava com a orientação política do tio e que tinha muito carinho por ele. “Tenho gratidão por ele ter feito a sua história, mas principalmente por ter participado da minha história”, agradeceu.

A viúva Maria Aparecida teve dificuldade em discursar em meio à emoção por conta da homenagem. “Queria agradeceu a Deus pelo marido maravilhoso que ele me deu durante 40 anos. Quero agradecer aos vereadores por aprovarem a lei”, declarou.

Em memória

João Fernandes Filho nasceu em 17 de julho de 1956 em Ribeirão Pires. Conhecido como João Lima, mudou para São Bernardo ainda criança e adotou o município para viver e construir a sua família. 

Trabalhou em diversos locais, como a Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura de São Bernardo. Em 1995, arriscou-se como comerciante, uma tendência em sua família, e fundou a Lima Fernandes Bebidas.

Casou-se com Maria Aparecida em 23 de janeiro de 1982, com quem teve como filhos Marcelo de Lima Fernandes e Rafael de Lima Fernandes, já falecido. Nos últimos anos de vida, esteva à frente da presidência da Liga de Futebol Amador de São Bernardo. <TL>




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