Com ajuda de um denunciante anônimo, a Polícia Militar evitou na noite de desta Sexta-feira, em São Bernardo, o seqüestro de um primo do proprietário da rede de supermercados Sonda. Três homens armados com uma submetralhadora 9 milímetros, carregada com 18 projéteis, foram presos em frente ao edifício em que mora a vítima, no bairro Baeta Neves. Os criminosos esperavam o parente do empresário chegar do trabalho para arrebatá-lo – ele atua na gerência do Sonda de São Bernardo. De dentro do estabelecimento da rede, uma ex-funcionária da família monitorou os passos da vítima para manter os seqüestradores informados.

Depois de feito refém, o administrador seria levado para um cativeiro já preparado com colchão de espuma, cobertor e TV. O casebre que abrigaria a vítima fica na rua Cervo do Pantanal, num ponto ermo e de difícil acesso no bairro Clube de Campo, área de manancial em Santo André. De acordo com a Força Tática do 6º Batalhão da PM, unidade responsável pela prisão da quadrilha, os seqüestradores planejavam pedir R$ 400 mil de resgate à família.

A denúncia anônima foi recebida pela base comunitária da PM no Baeta Neves. Dizia que três rapazes estavam na rua Agostinho Luís Piato, com uma motocicleta Honda CB 500 e fortemente armados, prontos para seqüestrar o morador do prédio em frente. Três viaturas da Força Tática foram ao local e revistaram os jovens.

Na bolsa azul de um deles, foram encontrados a submetralhadora da marca Ducktown com 18 balas, um capuz preto e um recorte de jornal com os endereços das lojas da rede Sonda, sublinhados com caneta. Também havia duas correntes de ferro com 80 centímetros cada, que provavelmente seriam utilizadas para aprisionar o refém.

Os acusados presos em flagrante são o motoboy Deivid de Souza, 22 anos; Alex Sandro da Silva, 19; e o servente Dirceu Miranda da Cruz, 26. O trio foi preso em flagrante após a arma ter sido encontrada com Deivid, segundo os policiais. Os três moram em Santo André – na Vila Santa Helena, no Jardim Maracanã e no Jardim do Estádio, respectivamente.

Celular – Assim que foram detidos, tocou o telefone celular de Deivid. Um policial atendeu e se fez passar pelo acusado. Uma voz feminina, que se identificou como Fernanda, disse: "O cara está passando em frente à loja de tintas aqui do mercado." Poucos segundos depois, ela tornou a ligar. "O cara está saindo do mercado com um Vectra preto sem escolta. Agüenta que ele está indo para aí."

Em cinco minutos, o Vectra surgiu na frente do prédio onde estavam os criminosos. No carro, estava a vítima escolhida. Os policiais militares conversaram com o administrador, que se identificou.

Segundo os policiais da Força Tática, o acusado Alex Sandro confessou o planejamento do seqüestro e indicou o endereço exato do cativeiro, no Clube de Campo, em Santo André. Lá, a polícia encontrou uma TV, uma colcha azul, um cobertor e a espuma de um colchão.

Levados ao 1º DP de São Bernardo, os rapazes detidos informaram à polícia o endereço, o telefone e a identidade completa da cúmplice Fernanda. Disseram que ela é uma ex-funcionária do supermercado Sonda.

A Polícia Militar chegou a fazer diligências para prender a mulher, mas ela não foi localizada. A Polícia Civil deve iniciar investigação do caso. Ontem, a gerência da empresa Sonda não foi encontrada pela reportagem para se pronunciar. Também não foi possível falar com os acusados.