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Destino da Cia.de Dança de Diadema é incerto
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
16/02/2002 | 14:49
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Em compasso de espera. Mantida pela administração municipal desde sua fundação, em 1995, a Cia. de Danças de Diadema vive hoje uma situação de indefinição quanto à continuidade de sua trajetória. A companhia é responsável ainda pelas oficinas de dança da cidade e, portanto, além de reconhecimento artístico nacional, seu trabalho também é de formação.

   O trabalho tem inegável cunho social, já que os membros do grupo, patrimônio cultural de Diadema e, conseqüentemente, do Grande ABC, entendem a arte como estratégia de ação contra o embrutecimento promovido pelo cotidiano. "A arte tem um imenso poder de transformação do ser humano", afirma a diretora geral e artística da companhia, Ivonice Satie.

   Dos 18 integrantes – a 19ª é Ivonice –, 12 dão conta dos serviços de difusão cultural (as apresentações) e das tarefas de formação. Seis deles não estão no elenco das coreografias e atuam somente como oficineiros nos produtivos centros culturais da cidade. As oficinas são gratuitas.

   A raiz do impasse está na Lei de Responsabilidade Fiscal. Por conta disso, a Secretaria de Educação e Cultura forçou, no ano passado, uma paralisação de quatro meses nas oficinas. "Na prática, a lei impede a manutenção dos oficineiros na folha de pagamento, que não pode exceder 54% do orçamento. Quando assumimos, a folha girava em torno de 72%. Todos os municípios, forçosamente, têm de se adequar, sob o risco da retenção da receita de impostos que são transferidos pela União", afirma a diretora de Cultura de Diadema, Sueli Chan. É o efeito perverso de uma lei criada (em 2001) para impedir excessos com o dinheiro público.

   Em outubro de 2001, os integrantes da companhia – contratados pelo regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) antes da paralisação – assinaram contratos de prestação de serviços por três meses, prorrogados por mais um. Esses contratos expiram no dia 28 deste mês. É esse, portanto, o clima de incerteza que paira sobre o grupo. Sueli, no entanto, garante a seqüência da difusão: "A companhia certamente continua".

   A própria agenda do grupo, que inclui uma apresentação em São Caetano e uma turnê por centros culturais de Diadema neste mês e no próximo, aponta para a continuidade. Solução definitiva, porém, só em março.

   Há duas possibilidades para o problema da difusão. Uma passa pela Associação Projeto Brasileiro de Dança, iniciativa de Ivonice e da bailarina e diretora artística da companhia, Ana Bottosso. Por meio da entidade, o grupo pode firmar parceria com a Prefeitura, além de buscar patrocínios amparados pelas leis de incentivo à cultura.

   De qualquer forma, isso não significa o desligamento do poder público municipal com a companhia, já que Ivonice e Ana não cogitam dissociar a difusão da formação. "Não se imagina a companhia sem o trabalho comunitário, que reflete na própria temática das obras. As duas coisas andam juntas", diz Ana. Os bailarinos não recebem cachê por apresentação e a estrutura do grupo não engloba nem camareiro – eles mesmos cuidam, por exemplo, da afinação da luz dos espetáculos.

   O outro caminho é um "convênio de cooperação técnica com uma instituição acadêmica", diz Sueli. "Estamos em processo de negociação com duas entidades", afirma. Quanto à questão da formação, que atinge todas as linguagens artísticas exploradas nas oficinas, "a situação ainda não está definida. Mas encaramos tudo com otimismo", diz.




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