Os sobreviventes das torturas praticadas na temida Escola de Mecânica da Armada argentina (ESMA) durante a ditadura militar prestaram depoimento nesta quinta-feira no Tribunal Penal de Roma.

Marco Villani, que sobreviveu a cinco campos de detenção graças a sua habilidade como especialista em eletrônica, compareceu na prisão de segurança máxima de Rebibbia, onde está acontecendo desde junho passado o julgamento de cinco militares argentinos da ESMA pelo desaparecimento de três ítalo-argentinos durante a ditadura militar (1976-1983), "Meu depoimento se baseia no que vivi em cinco campos de detenção, e serve para demonstrar que a repressão na Argentina foi a mesma em todos os campos, ou seja, que as mesmas técnicas eram utilizadas", relatou Villani à AFP ao término da audiência.

Villani, capturado em 18 de novembro de 1977, ficou detido em cinco campos de concentração em Buenos Aires, entre os quais a ESMA, de onde foi libertado em agosto de 1981.

Ele se salvou porque foi utilizado como mão-de-obra escrava pelos repressores nos diversos campos, onde fazia reparos nas instalações elétricas.

Outro sobrevivente, "Munú" Actis, que ficou 13 meses na ESMA, é uma das testemunhas que acusam diretamente três dos cinco réus - o ex-capitão Alfredo Astiz, conhecido como o "Anjo Vermelho da Morte"; o capitão de fragata Jorge Eduardo Acosta e o prefeito naval Hector Antonio Febres - de serem responsáveis pelos desaparecimentos nesses campos de concentração.

Outros dois oficiais também foram acusados de homicício premeditado pelo procurador Francesco caporale: Raúl Vildoza e o contra-almirante Antonio Vañek.

Os cinco argentinos estão sendo julgados à revelia pelo desaparecimento dos italianos Angela Maria Aieta - mãe do líder da Juventude Peronista Dante Gullo - Giovanni Pegoraro e sua filha Susana. Os três passaram pela ESMA.

As próximas audiências estão marcadas para os dias 25 e 26 de janeiro com os depoimentos dos parentes de Dante Gullo.