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Implantação de centro de logística, avaliado em R$ 780 mi, gera polêmica

Empreendimento que será erguido em Paranapiacaba, em Sto.André, prevê desmatamento de área verde; especialistas e moradores criticam

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
30/03/2018 | 07:00
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Nario Barbosa


 A possível construção de um centro logístico orçado em R$ 780 milhões em Santo André, na região da Vila de Paranapiacaba, tem provocado polêmica entre ambientalistas do Grande ABC e moradores daquela área. Embora o empreendimento sequer tenha aval por parte da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para execução de obras, especialistas dizem já temer por série de impactos ambientais a serem enfrentados pela  região caso o projeto seja efetivado, enquanto moradores celebram a provável geração de empregos.

O receio de especialistas tem como base o possível desmatamento de 920 mil m² de área verde instalada em Paranapiacaba para a instalação do centro logístico. Tal medida, segundo eles, além de provocar a supressão de vegetação de área de Mata Atlântica situada na região, também deverá acarretar na extinção de animais que vivem na área.

“Se esse projeto for efetivado, talvez algumas espécies de animais nunca mais serão vistas”, avalia a bióloga especialista em recursos hídricos e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes.

Na avaliação do presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), Carlos Bocuhy, a situação pode ser ainda pior, tendo em vista a importância dessa área verde para a preservação de nascentes que formam a bacia da Represa Billings. “O impacto ambiental desse desmatamento pode colocar em risco o abastecimento de água em toda a região, em especial do fornecimento vindo da Billings”, enfatiza.

Cientes da construção do empreendimento somente por boatos, moradores dizem, no entanto, ver com bons olhos o projeto. “Acredito que será bom para a economia daqui que carece de emprego”, diz a dona de casa Lourdes Diniz, 48 anos.

De acordo com o projeto elaborado pela empresa Fazenda Campo Grande Logística e Participações, responsável pelo empreendimento, o centro logístico ocupará 20% de uma área de 4,6 milhões de m², o que segundo a empresa respeita a preservação do espaço.

“O projeto foi elaborado respeitando todas as características ambientais”, disse o sócio responsável da empresa, Jael Rawet. “Nossa proposta é contribuir e apoiar a preservação e o turismo em Paranapiacaba”.

Atendendo exigências da Cetesb, a empresa participará no dia 12 de abril, às 17h, no Tênis Clube de Santo André, de audiência pública promovida pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente para apresentação de estudo de impacto ambiental elaborado por equipe técnica.

Se a empresa obtiver aval em todos esses processos, a expectativa é que o centro inicie sua operação em 2024. Estão previstas a abertura de 85 postos de trabalho para implantação do empreendimento e outros 1.200 para operação.

O centro também deverá gerar arrecadação de R$ 30 milhões de ISS (Imposto Sobre Serviços) para a Prefeitura de Santo André, com a construção do espaço, e outros R$ 35 milhões com a operação do empreendimento.

 

Cesteb avalia viabilidade do projeto

A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) informa, em nota, que a Diretoria de Avaliação de Impacto Ambiental realiza análise do documento encaminhado pela empresa Fazenda Campo Grande Logística e Participações, responsável pelo empreendimento. O procedimento tem por objetivo avaliar a viabilidade de construção do centro.

“Por se encontrar nesta fase – incluindo a realização da audiência pública –, e não ter sido concluída ainda, não temos como tecer comentários no momento. Se, ao final, a avaliação for favorável, a Cetesb emitirá um parecer técnico nesse sentido e o encaminhará ao Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente). Se o parecer técnico deles for aprovado, então a Cetesb emitirá a licença prévia, que atesta a viabilidade do empreendimento”, explica o órgão.

A Prefeitura de Santo André, por sua vez, informa que “não pode se manifestar neste momento”. O Paço diz que aguarda desdobramentos da audiência pública.

“Esta audiência tem justamente como um dos objetivos debater com os entes envolvidos neste projeto os impactos do empreendimento na região, incluindo a população do entorno”, disse, por meio de nota, a administração municipal.

 

 




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