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Ornitorrinco faz 30 anos com Shakespeare
Por Natane Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
30/05/2008 | 07:08
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Divulgação


Ao longo de três décadas de estrada, foram 13 grandes espetáculos, temporadas estendidas, apresentações no Exterior, brigas internas, recessos intermináveis. E eis que uma das maiores companhias do Brasil, o Teatro do Ornitorrinco, chega à ‘idade balzaquiana'.

Assim como algumas mulheres que passam dos 30 anos e costumam mentir a idade, o grupo comemora a data com um ano de atraso. A ‘festa' começa amanhã - somente para convidados e, no domingo, para o público - com a estréia do espetáculo A Megera Domada, no palco do Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Junho traz o lançamento do livro sobre a trajetória da trupe, coordenado pela atriz Christiane Tricerri.

"A Megera Domada é um projeto antigo nosso. E o texto foi um pretexto para comemorar os 30 anos", explica Cacá Rosset, um dos fundadores, ao lado de Luiz Galízia (morto em 1985, aos 34 anos) e Maria Alice Vergueiro. Donos de uma vocação para a comédia clássica, os atores do Ornitorrinco apostaram mais uma vez em William Shakespeare. "Vamos misturar música ao vivo e linguagem circense. De uma certa maneira é o que Shakespeare fazia, é um leque heterogêneo de possibilidades", conta o ator, que também assina a direção.

Apostando na perspectiva de promover um teatro popular, sem abandonar os grandes clássicos da dramaturgia mundial, o grupo criou o le ma ‘Shakespeare para todos'. "Ele é um autor que tem essas características", comenta Cacá. "O que fazemos não é um teatrão, queremos interpretar grandes papéis. Mas também não queremos ficar em guetos culturais."

Com 40 pessoas no palco, entre atores, músicos e bailarinos, A Megera Domada traz na pele do antológico casal Catarina e Petrucchio, Chris Tricerri e o próprio Cacá. Na história, Catarina, uma mulher bela, mas de língua ferina e que não admite ser dominada recebe um pedido de sua doce irmã: ela deve se casar para que, somente depois, a moça possa fazer o mesmo. Como só alguém fora de qualquer parâmetro normal seria capaz de subjugá-la, entra em cena Petruccio, um homem tão temperamental quanto Catarina.

INTENSIDADE
Com três Molière, três Shakespeare, um Alfred Jarry e um Georges Feydeau, entre outras montagens de clássicos na carreira, o Ornitorrinco coleciona histórias.

A companhia ousou desde a estréia, em maio de 1977, no porão do Teatro Oficina, com uma reunião de obras de August Strindberg. Muita paixão e convivência trouxeram desentendimentos, o que ocasionou alguns hiatos em sua história: de 1979 a 1982 e de 2001 a 2006. "Tivemos períodos de estranhamento, foi até saudável. É importante, oxigena a relação", afirma o diretor.

Entre as produções levadas ao palco, destacam-se Ubu, Folias Physicas, Pataphysicas e Musicaes - que levou muitos jovens às salas e consagrou o grupo - e Sonho de Uma Noite de Verão, com estréia internacional em Nova York e nacional no Teatro Municipal de Santo André, em 1992.

Tanta história rendeu belos frutos. Além dos atores remanescentes, passaram pelo Teatro do Ornitorrinco nomes como Rosi Campos, José Rubens Chasseraux, Chiquinho Brandão, Ary França, Luciano Chirolli e Eduardo, Eduardo Silva, Gerson de Abreu, Ricardo Blat e Roney Facchini.

A Megera Domada - Teatro. No Teatro Sérgio Cardoso - r. Rui Barbosa, 153. Tel.: 3288-0136. Sextas-feiras, às 21h30; sábados, às 21h; domingos, às 19. Ingr.: R$ 10 (meia-entrada) e R$ 20. Até 30 de agosto.




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