O eletricista Antônio da Cruz Soares, 45 anos, foi preso quinta-feira à noite acusado de matar com quatro tiros o zelador Benedito Faustino da Silva, 38, em frente ao edifício Maison San Paul, onde Silva trabalhava. O prédio, de classe média, fica na rua Marechal Badóglio, no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo.

Segundo o que o eletricista contou à polícia, o zelador estaria envolvido com o tráfico de drogas e teria viciado seu filho. Vingança foi o que ele alegou como motivo para ter cometido o assassinato.

O homicídio ocorreu às 22h de quinta-feira. Uma hora antes, Soares, morador da Vila Alves Dias, encontrou-se com o zelador em um bar próximo ao edifício. Os dois teriam conversado por aproximadamente meia hora. Posteriormente, deixaram o bar e caminharam em direção ao prédio.

Em frente ao edifício, os dois começaram a discutir. O eletricista sacou um revólver calibre 38 e iniciou uma briga corporal com o zelador. Quando deu o primeiro tiro, Soares acertou o próprio braço esquerdo. Os quatro disparos seguintes atingiram o abdome e o peito de Silva, que morreu no local. O porteiro que trabalhava no edifício no momento presenciou toda a ação.

Com o braço ferido, o eletricista foi até a avenida Caminho do Mar e pediu ajuda para o motorista de um Fiat Strada que havia parado em um semáforo. O motorista atendeu ao pedido e Soares subiu na caçamba do veículo.

No entanto, após percorrerem poucos metros, cruzaram com uma viatura do Garra (Grupo Armado de Repressão contra Roubos e Assaltos) de São Bernardo. Investigadores já tinham sido informados por uma testemunha que tiros haviam sido disparados no local e tinham a descrição física do acusado.

Ao perceberem Soares na caçamba do Fiat Strada, os policiais interceptaram o veículo e constataram o ferimento no braço. O eletricista confessou a autoria do homicídio e a motivação. Após ser medicado, Soares foi encaminhado para a carceragem do 1º DP da cidade.

O eletricista contou aos policiais que ficou desesperado com o estado de seu filho dependente de drogas e que precisava se vingar do zelador. De acordo com o acusado, Silva era o responsável por seu filho consumir entorpecentes.

O zelador trabalhava havia 15 anos no edifício Maison San Paul. Segundo um funcionário do prédio que não quis se identificar, Silva era um empregado exemplar e realizava seu trabalho normalmente, sem receber reclamação dos moradores. "Pelo que eu sei, ninguém aqui do edifício tem conhecimento sobre o envolvimento dele com o tráfico", disse.

No entanto, de acordo com esse funcionário, nos últimos dois meses o zelador andava muito estressado. "A gente perguntava o que estava acontecendo, mas ele não falava. Talvez isso tenha relação com o crime", acrescentou o funcionário.

O zelador era casado e não tinha filhos. Durante a semana, trabalhava e pernoitava no edifício do Rudge Ramos. Aos sábados e domingos, trabalhava em outro prédio, localizado no bairro dos Casa. Sexta-feira, a reportagem procurou a família do zelador para que se pronunciasse sobre o crime, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.