As vendas de caminhões no mercado interno e externo vão tão bem que as montadoras já estão sofrendo com a falta de componentes para a produção. O boom de vendas está ocorrendo em particular entre os caminhões pesados. As montadoras Volkswagen, DaimlerChrysler (fabricante da marca Mercedes-Benz) e Ford atribuem a demanda interna à expansão do setor agrícola no Brasil. Nas exportações, a Argentina puxa as encomendas, já que sua recuperação econômica tem sido mais rápida do que o previsto.

As empresas poderiam até estar com uma produção maior e contratando mais gente, mas a escassez de materiais impede essas iniciativas. As três companhias tiveram lucro no Brasil na área de caminhões em 2003, mas não o suficiente para dar um bom retorno para os investimentos das matrizes. Elas estimam que a produção de caminhões deve ficar entre 85 mil e 90 mil unidades este ano (foi de 77,8 mil em 2003).

No primeiro quadrimestre deste ano, foram produzidos 31,6 mil caminhões, número 20,4% maior do que em igual período do ano passado. Em quatro meses foram exportados 7,1 mil caminhões, um aumento de 165% sobre igual período do ano passado. A produção de caminhões pesados aumentou 47% no período, para 9,8 mil unidades, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

A Volks, a Iveco e a DaimlerChrysler registram falta de materiais como aço e pneus, o que faz com que muitos caminhões sejam montados e fiquem na fábrica à espera da chegada das peças. É uma situação bem atípica para a indústria automotiva, que trabalha com logística just in time, prática que exige fina sintonia com os fornecedores.