Baseando-se em tese da bancada petista na legislatura passada, o G-12, grupo de vereadores que faz frente ao governo Carlos Grana (PT) em Santo André, conseguiu instaurar ontem a CPI da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

A comissão foi aberta para apurar série de denúncias de irregularidades na autarquia, principalmente as suspeitas de apadrinhamento político na concessão de utilização dos boxes.

O presidente da Câmara, Donizeti Pereira (PV), utilizou o argumento da ala oposicionista ao governo Aidan Ravin (PTB) de que era necessário somente um terço de adesões do Legislativo (sete apoios dos 21 parlamentares) para instalar diretamente uma CPI, sem passar pelo crivo do plenário. O requerimento de ontem foi protocolado com 12 assinaturas. Embasado numa sentença da Justiça disponível na Casa, que deferiu a medida petista, a comissão foi adotada.

A composição da CPI da Craisa será formada na terça-feira, às 14h. Não houve consenso entre os líderes partidários com representatividade na Casa para a escolha dos integrantes. Com isso, a escala ocorrerá por sorteio.

As maiores discordâncias dentro do Legislativo eram o amplo período para a investigação - desde 1992, último ano da gestão Celso Daniel (PT), morto em 2002, - e não haver objeto de fato determinado. O PT não assinou o requerimento. A líder da bancada petista na Câmara, vereadora Bete Siraque, afirmou que o documento não deixa clara qualquer ilegalidade específica. "Não faz sentido data tão extensa e é surreal requerimento sem objeto definido."

Autor do requerimento, o vereador Toninho de Jesus (DEM) avaliou que o prazo longo "servirá para tirar toda a sujeira instalada debaixo do tapete" da Craisa. Segundo o democrata, a CPI foi idealizada após o G-12 ser ignorado pela direção da autarquia. "Pedimos informações. Não nos deram satisfação até agora. Faz 23 dias. Por essa atitude, nós estamos tomando esse posicionamento", frisou o democrata.

Essa é a primeira CPI a ser instaurada em menos de 100 dias do governo Carlos Grana. A averiguação ainda vai apurar as gestões Aidan Ravin e Newton Brandão. A comissão também vai apurar a permissão de uso do sacolão, a dívida de R$ 17 milhões e a cobrança do estacionamento no local.

A Craisa informou que consolidou ontem documento para apreciação dos vereadores sobre as dívidas. Nesse relatório constará relação de fornecedores, planilha de devedores e de licitações. As informações serão entregues hoje na Câmara. A companhia prepara ainda auditorias contábil e financeira para medir e levantar as dívidas com fornecedores, restaurante e impostos, que se arrastam desde agosto do último ano.