Cerca de 10 famílias do Jardim Alvorada, em São Bernardo, estão isoladas pelas obras de construção do Trecho Sul do Rodoanel. Os moradores são aqueles que restaram depois da desapropriação de outras 200 casas em área próxima à Represa Billings.

A Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A) informou que já removeu as famílias que estavam localizadas no traçado do Rodoanel. O órgão estadual estaria finalizando o cadastramento daquelas que estão no entorno da obra para avaliação no futuro. Os imóveis foram selados para estudo e isso não implicaria em desapropriação automática.

A posição oficial da Dersa é de garantir a todos o direito à indenização ou ao reassentamento, porém, sem deixar de atender aos requisitos impostos pela lei.

A comerciante Iraci dos Santos, 50 anos, diz que a Dersa garantiu a desapropriação de todos que ainda estão por lá. "Fizeram cadastro e colocaram selo. Pediram inclusive para que não fosse feita nenhuma reforma e que não vendêssemos os imóveis, porque sairíamos daqui", explica.

O barro formado com as chuvas impede a passagem de ônibus e dificulta o acesso. Quem se aventura com carro próprio corre o risco de parar no lamaçal. Aqueles que caminham a pé são obrigados a dividir espaço com caminhões das construtoras. "Jogam para cima da gente e espirram sujeira em quem estiver por perto", diz a comerciante Maria Aparecida Bezerra, 39 anos.

Até o início das obras, as famílias sobreviviam do turismo da pesca. Hoje, a situação é bem diferente. "Nem tem mais peixe por aqui", explica Maria Aparecida.

Iraci, que tem um pequeno restaurante às margens da Billings, já não recebe tantas pessoas como no passado. "Não tenho mais renda, nem posso empregar as moças que moram por aqui."

As crianças e idosos enfrentam dificuldades com pela falta de assistência médica. "Estou com a minha sogra de 78 anos e o meu neto, de 4 anos, em casa. Posto de Saúde só no Jardim Silvina, em São Bernardo, porque o de Santo André, que é mais próximo, não nos atende", afirma Zilde Fiel da Costa, 44.