Cultura & Lazer Titulo Cleópatra
Mais uma bela pincelada de Bressane
22/05/2008 | 07:07
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A outra estréia nos cinemas, adiantada em virtude do feriadão, é Cleópatra, que tornou o diretor Julio Bressane vencedor do último Festival de Brasília.

De certa forma, falar de Cleópatra é escavar um mito. Ou reconstruí-lo, com os materiais disponíveis e acumulados pela cultura. É o que faz o diretor Julio Bressane nesse novo trabalho.

Vale dizer que Bressane parece um pouco na contramão do assim chamado cinema de autor brasileiro. Chega a ser clássico na sua fixação de estilo e no aprofundamento de uma pesquisa pessoal. Cada filme é uma pincelada a mais nessa tela que vai compondo ao longo dos anos.

Visita temas universais e personagens quase atemporais, como são os casos de Vieira, em Os Sermões, e São Jerônimo. Em Cleópatra, seu trabalho de arqueólogo o leva a referências variadas, que vão de Plutarco a Camões, tentando trazer até nós uma Cleópatra latina, que coube tão bem na pele de Alessandra Negrini.

Nessa universalidade, sobressai uma brasilidade perceptível. Os elementos pictóricos entram na composição de um Egito recriado no Rio de Janeiro, no qual não faltam músicas como Há Um Deus, de Lupicínio Rodrigues, na voz de Dalva de Oliveira, e Felicidade, de René Bittencourt, cantada por Noel Rosa.

Fotografado por Walter Carvalho, o filme é estruturado como uma série de quadros. Há quem veja na Cleópatra de Bressane um comentário sobre a luta pelo poder - e a trajetória da rainha do Egito não deixa dúvida quanto a isso. Tudo isso cabe. Mas é claro que o esplendor estético do filme extravasa generosamente qualquer interpretação reducionista.




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