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Os contornos do transporte

O Trecho Sul do Rodoanel, liberado aos motoristas na quinta-feira, facilitou em muito a comunicação entre o interior e o litoral Paulista, além de ali

Por Wilson Marini
05/04/2010 | 00:00
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O Trecho Sul do Rodoanel, liberado aos motoristas na quinta-feira, facilitou em muito a comunicação entre o interior e o litoral Paulista, além de aliviar o trânsito na Capital. É um exemplo positivo do valor do investimento público no setor rodoviário quando bem-feito. A viagem se torna agora mais rápida e econômica e com maior segurança.

Em publicidade oficial, o governo estadual gaba-se, com fortes motivos para isso, de o Estado possuir as melhores rodovias do País. Todo esse reconhecimento, que será explorado na campanha eleitoral do presidenciável Serra, merece duas ponderações. A primeira, óbvia, é que o Estado chegou a esse ponto por meio de ações em vários governos e o atual teve o mérito de assegurar essa política de recursos, inclusive em novas linhas do metrô na Capital.

A segunda: há pontos que merecem ser mais discutidos na política de transporte. Um exemplo é a solução projetada para substituir o defasado sistema de balsas na ligação entre Santos e Guarujá. O governo do Estado projetou para a travessia uma ponte de 80 metros de vão livre na altura, o que seria suficiente para permitir a passagem de navios de grande alturana navegação do futuro. Um dos mais respeitados especialistas do setor no País, o engenheiro Tarcísio Barreto Celestino, levanta voz contra em texto disponível no site www.tuneis.com.br. Pela firmeza com que foi veiculada, a crítica merece uma resposta da Secretaria dos Transportes do Estado, responsável pela obra.

Cartão postal

A obra terá 4,6 quilômetros de extensão e foi orçada em R$ 700 milhões, com duração de 30 meses. Serão necessários dois viadutos (‘minhocões') de dois quilômetros cada, em Santos e no Guarujá. Neste mês será concluído o projeto básico. As prefeituras estão de acordo. O problema é que o projeto prevê uma grande rampa para que os automóveis tenham acesso à ponte, tornando-a um elevado, o que seria contra tendências da engenharia no mundo, opina Celestino.

Presidente do Comitê Brasileiro de Túneis da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica de Solos e Engenharia Geotécnica), ele alerta sobre "a irresistível atração (dos gestores públicos) por obras de grandes dimensões, feitas para impressionar e sensibilizar os corações ingênuos." Segundo ele, "a ponte é vistosa, pode gerar bonitas imagens fotográficas, transformando-se mais tarde num cartão postal."

Túnel

Como alternativa, Celestino propõe que a ligação seja feita por um túnel imerso no Estuário, "obra simples, rápida, barata, mas que parece ter um defeito congênito aos olhos de alguns: é invisível." Essa opção foi apresentada em audiências públicas e em encontros da Associação dos Engenheiros de Santos e de outras instituições da região. Era a alternativa principal até meados de 2009, quando houve mudança de curso.

Seria inviável
O secretário Mauro Arce sustenta que a ponte é a melhor forma de ligação entre as cidades e não o túnel. "É uma decisão acertada", segundo ele. Em Santos, por ocasião do anúncio da obra, declarou que o túnel foi rejeitado nas duas modalidades estudadas em função dos custos e prazos envolvidos. "Um túnel pré-moldado ou feito por meio de escavações na rocha seria difícil, porque será no canal e o porto não pode parar."

Governo eletrônico

A prestação de serviços públicos com tecnologia da informação durante 24 horas por dia e sete dias por semana faz emergir um novo conceito na gestão pública: o governo eletrônico. Esse é um dos temas do livro Eleições Digitais (de Leandro Bissoli e Patricia Peck Pinheiro, Ed. Saraiva). A internet torna o exercício de cidadania mais interativo e possibilita o engajamento cívico e o debate político em tempo real e com mais transparência, dizem os autores. Leitura indicada para políticos e eleitores, ainda mais em ano eleitoral.




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