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‘Chineses vão arruinar a indústria automobilística’
Por Priscila Dal Poggetto
Do Diário do Grande ABC
22/05/2007 | 07:08
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“Os produtores de aço vão arruinar a indústria automobilística”. A declaração é do presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini, ao anunciar as previsões da empresa para este ano, durante o Seminário Revisão das Perspectivas Autodata 2007, realizado nesta segunda-feira, em São Paulo. Belini critica o aumento de 7% sobre os preços do insumo anunciado pelos fornecedores.

Segundo o presidente da montadora, 10% do volume de aço que a empresa consome já é exportada. O principal fornecedor da Fiat é a Usiminas. “É um absurdo com o real fortalecido fazer esse tipo de reajuste de preços”, critica. A montadora já negociou lote de um ano com produtores sul-coreanos de aço.

A preocupação de Belini é devido à resposta do mercado interno: a perspectiva da empresa é de crescimento de 20% para este ano (2,3 milhões de unidades), o que faz com que a empresa já inicie a contratação de mais 1,5 mil pessoas para a fábrica de Betim (MG) e invista R$ 1 bilhão por ano até 2008.

Para os próximos anos, a montadora acredita que o crescimento ocorra na ordem de 10% ao ano e atinja, em 2010, 2,9 milhões de unidades de automóveis e comerciais leves. Caso o ritmo permaneça elevado, Cledorvino Belini cogita a possibilidade de reabrir a produção na fábrica de Córdoba, Argentina.

A Fiat foi a única montadora a manter o volume de exportação. De acordo com o presidente da companhia, no ano passado a empresa renovou seu mix dos produtos exportados – como o Idea Adventure – o que permitiu reajustar os preços e reposicionar a marca no mercado externo.

O que não quer dizer que no longo prazo se manterá. A companhia não descarta a possibilidade de as exportações brasileiras de veículos reduzirem de 700 mil unidades (esperadas para este ano) para 500 mil unidades, em 2009.

Redução já vista neste ano pela Volkswagen, GM e Ford. O presidente da General Motors, Ray Young, afirma que o momento é de “esquizofrenia da indústria automobilística”. Segundo ele, a ocasião é muito positiva para desenvolver recursos que protejam a indústria automotiva nacional da concorrência global futura. “Estive na China semana passada. Ela já é uma ameaça. Está com o nível de qualidade alto”, ressalta Young.

A GM compensa a queda das exportações com o mercado interno, por enquanto. Tanto é que não haverá aumento de turno em nenhuma das plantas. O que a empresa deixa de exportar, coloca no mercado nacional e, desse modo, aproveita a fábrica de São José dos Campos. Ray Young não fala de aço, mas questiona o governo sobre a responsabilidade de garantir o abastecimento energético do País.

A preocupação do presidente da GM é grande, pois qualquer oscilação no Brasil neste momento pode colocar seus planos em cheque: Ray Young pediu à matriz US$ 1 bilhão para a GM do Brasil. Se o potencial do mercado interno e a cadeia do etanol não forem suficientes para rebater as incertezas de câmbio e infra-estrutura, os norte-americanos não arriscarão em liberar a verba.




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