A idéia de um plano regional para combater o déficit habitacional agradou aos prefeitos da região e deverá ser encampada. A  proposta partiu do secretário nacional de Habitação, Jorge Hereda, em entrevista publicada domingo no Diário e sugere concentrar forças para, de forma unida, amenizar o problema da moradia. Segundo a Fundação João Pinheiro e o  Centro de Estatística e Informações, o déficit de habitações no Grande ABC é de 47 mil unidades.

Hereda entende que a questão da habitação tem de ser equacionada de maneira regional porque existem problemas como a falta de espaço em determinadas cidades. Ele diz que não adianta um município resolver o assunto sozinho porque o problema é regional, inclusive com efeitos da periferização da metrópole.

O prefeito de Santo André, João Avamileno (PT), disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que defende uma integração regional desde que sejam consideradas as especificidades de cada município. O petista não vê problema em “desenhar uma ação conjunta no sentido de atacar o déficit habitacional”.

O secretário de Habitação de Diadema, Josemundo Queiroz, o Josa, afirma que na gestão passada essa proposta já foi colocada em discussão no Consórcio por meio do Grupo de Trabalho de Habitação, do qual faz parte. “Infelizmente, deu a impressão que não existia disposição em discutir o assunto”.

Josa afirma que um projeto regional é viável desde que se faça um cadastro único e que sejam respeitadas as especificidades e as demandas de cada município. Ele lembra que Diadema enfrenta a falta de áreas.

O secretário de Habitação de Diadema ainda criticou a atual direção do Consórcio por ainda não ter convocado neste ano o Grupo de Trabalho de Habitação para debater questões relacionadas à área.

O presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, William Dib (PSB), prefeito de São Bernardo, afirmou, também por meio de sua assessoria de imprensa, que a questão da habitação ainda não foi colocada em discussão pelos prefeitos. Quanto à crítica do secretário de Diadema, Dib afirmou que o prefeito José de Filippi Júnior (PT) pode apresentar no Consórcio a inclusão dessa pauta.

Dib lembra que a entidade já colocou em pauta neste ano vários assuntos importantes para a região como Rodoanel, Febem, Universidade Pública Federal, entre outros, mas que a habitação também será discutida. O prefeito de São Bernardo também defende uma solução regional para o tema.

Cortiços – O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), vê com bons olhos essa proposta de fortalecer a regionalidade e aceita discutir um plano habitacional no âmbito do Consórcio. No entanto, afirma que há necessidade de levar em consideração as características de São Caetano que são diferentes das demais cidades da região. O principal problema habitacional na cidade são os cortiços. Por ser um município de apenas 15 km², São Caetano enfrenta ainda a falta de áreas.

O prefeito interino de Mauá, Diniz Lopes (PL), também concorda com a apresentação de uma proposta regional para resolver os problemas de déficit habitacional desde que sejam ressaltadas as características e as demandas de cada cidade. Ele diz que o novo secretário de Habitação da cidade que tomou posse no sábado, Altivo Ovando Júnior, vai apresentar um projeto no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para colaborar com sugestões para amenizar os problemas habitacionais na região.

“Um projeto regional é importante desde que leve em conta os interesses e prioridades de cada município”, afirma Diniz.

Mananciais – O prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), aceita a apresentação de uma proposta regional. Ele diz que no município que comanda as moradias populares se tornam mais caras das demais cidades porque a faixa de ocupação de um terreno é menor já que o município está localizado em área de manancial. “Tem cidade na região onde pode construir em 80% do terreno enquanto em Ribeirão Pires a ocupação da área é de 30%”, afirma.

Volpi diz que se houver uma proposta regional pode-se construir moradias populares em cidades vizinhas, mas os moradores de Ribeirão seriam contemplados nos sorteios.

O secretário de Governo de Rio Grande da Serra, Gilmar Almeida, afirma que o prefeito da cidade, Adler Kiko Teixeira (PSDB), por ser o vice-presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, tem interesse em discutir uma proposta regional para a habitação. “Estamos unidos em torno de um mesmo objetivo. Rio Grande da Serra é uma cidade carente e não tem como resolver o problema sozinha, pois precisa de recursos. Por isso, entendemos que é preciso idealizar uma proposta regional no Consórcio”, diz o secretário.