Setecidades Titulo
Claudicação: sinais do sedentarismo
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
22/05/2004 | 18:09
Compartilhar notícia


A claudicação intermitente, dor muscular que atinge pés, pernas e até os glúteos, é um sintoma, além de doenças do sistema vascular, de um estilo de vida sedentário, próprio das grandes cidades.

“No Amazonas, por exemplo, não existem casos de pessoas que sentem esse tipo de dor”, disse Yumiko Regina Yamasaki, médica assistente da disciplina de Angiologia e Cirurgia Vascular e do Laboratório de Claudicação Intermitente da Faculdade de Medicina do ABC. “Tudo é reflexo de má-alimentação, sedentarismo e maus hábitos, como o tabagismo.”

O nome que significa dor vem do latim claudicare, o mesmo que mancar, que é o que acontece na prática com quem apresenta o problema. “Em casos mais graves, o paciente não consegue nem mesmo andar 100 m. Tem de parar na hora”, disse Yumiko.

O sintoma se apresenta principalmente em pessoas acima de 50 anos e indica, em 80% dos casos, a existência da arteriosclerose, doença na qual as artérias, vasos pelos quais o coração bombeia sangue para outros órgãos são obstruídas pelo acúmulo de gordura. Pela claudicação, é possível ainda obter o diagnóstico de doenças como diabetes e arteritis, inflamação nas artérias causada pela nicotina. Em pessoas mais jovens, o tabagismo é a principal causa, segundo a médica.

Por ser uma dor que passa gradativamente após o fim do movimento, a claudicação é motivo de preocupação para os médicos. “Muita gente acredita que é problema da idade e acaba ignorando. Com a falta de tratamento, os riscos de infartos e derrames aumentam ainda mais”, disse a médica. Outras vezes, quando a dor se localiza próximo à região lombar, existe o risco de falso diagnóstico. “O sintoma é entendido como problema de coluna e o paciente procura o ortopedista”, relatou a médica.

Dados de 2002 levantados pela Fundação Seade mostram que as doenças do aparelho circulatório são a principal causa de mortes no Estado, com 30,8% dos casos, seguido por neoplasias (tumores), 15%, e doenças do aparelho respiratório, 11,7%.

Tratamento – Para detectar o problema é muito simples. O exame não dura mais que uma hora: são medidos peso e altura, pressão arterial e até o pulso das pernas e pés. Por fim, o paciente faz um teste físico na esteira. É quando a resistência do paciente é avaliada. Uma vez confirmado os problemas de circulação, ele é encaminhado para o tratamento.

Na região, o tratamento é realizado gratuitamente no Laboratório de Claudicação Intermitente, também na Fundação. “Basicamente, uma mudança radical no estilo de vida do paciente faz com que tanto o sintoma quanto os problemas vasculares regridam ou estabilizem. Receitamos caminhadas leves e uma dieta restritiva”, explicou Yumiko. Anualmente, o laboratório recebe cem novos pacientes com esse diagnóstico.

Em casos mais avançados de doença vascular – cerca de 10% –, a ponte de safena é indicada. A amputação do membro afetado, grande temor dos pacientes, segundo a médica, é necessária em 5% dos casos.

Como prevenção, valem os mesmos cuidados recomendados para quando as doenças já estão instaladas. “Alimentação saudável, exercícios e controle do colesterol bastam para evitar o problema”, disse a médica.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;