“No Amazonas, por exemplo, não existem casos de pessoas que sentem esse tipo de dor”, disse Yumiko Regina Yamasaki, médica assistente da disciplina de Angiologia e Cirurgia Vascular e do Laboratório de Claudicação Intermitente da Faculdade de Medicina do ABC. “Tudo é reflexo de má-alimentação, sedentarismo e maus hábitos, como o tabagismo.”
O nome que significa dor vem do latim claudicare, o mesmo que mancar, que é o que acontece na prática com quem apresenta o problema. “Em casos mais graves, o paciente não consegue nem mesmo andar 100 m. Tem de parar na hora”, disse Yumiko.
O sintoma se apresenta principalmente em pessoas acima de 50 anos e indica, em 80% dos casos, a existência da arteriosclerose, doença na qual as artérias, vasos pelos quais o coração bombeia sangue para outros órgãos são obstruídas pelo acúmulo de gordura. Pela claudicação, é possível ainda obter o diagnóstico de doenças como diabetes e arteritis, inflamação nas artérias causada pela nicotina. Em pessoas mais jovens, o tabagismo é a principal causa, segundo a médica.
Por ser uma dor que passa gradativamente após o fim do movimento, a claudicação é motivo de preocupação para os médicos. “Muita gente acredita que é problema da idade e acaba ignorando. Com a falta de tratamento, os riscos de infartos e derrames aumentam ainda mais”, disse a médica. Outras vezes, quando a dor se localiza próximo à região lombar, existe o risco de falso diagnóstico. “O sintoma é entendido como problema de coluna e o paciente procura o ortopedista”, relatou a médica.
Dados de 2002 levantados pela Fundação Seade mostram que as doenças do aparelho circulatório são a principal causa de mortes no Estado, com 30,8% dos casos, seguido por neoplasias (tumores), 15%, e doenças do aparelho respiratório, 11,7%.
Tratamento – Para detectar o problema é muito simples. O exame não dura mais que uma hora: são medidos peso e altura, pressão arterial e até o pulso das pernas e pés. Por fim, o paciente faz um teste físico na esteira. É quando a resistência do paciente é avaliada. Uma vez confirmado os problemas de circulação, ele é encaminhado para o tratamento.
Na região, o tratamento é realizado gratuitamente no Laboratório de Claudicação Intermitente, também na Fundação. “Basicamente, uma mudança radical no estilo de vida do paciente faz com que tanto o sintoma quanto os problemas vasculares regridam ou estabilizem. Receitamos caminhadas leves e uma dieta restritiva”, explicou Yumiko. Anualmente, o laboratório recebe cem novos pacientes com esse diagnóstico.
Em casos mais avançados de doença vascular – cerca de 10% –, a ponte de safena é indicada. A amputação do membro afetado, grande temor dos pacientes, segundo a médica, é necessária em 5% dos casos.
Como prevenção, valem os mesmos cuidados recomendados para quando as doenças já estão instaladas. “Alimentação saudável, exercícios e controle do colesterol bastam para evitar o problema”, disse a médica.
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