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Lula não aceita reforma como solução para crise
04/06/2005 | 08:14
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou a sugestão feita pelos líderes, vice-líderes e coordenadores da bancada do PT na Câmara para que faça uma reforma ministerial como solução da crise surgida com a abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios. Numa reunião secreta realizada na Granja do Torto, que começou às 21 horas e se estendeu até a uma hora da manhã, o presidente disse aos participantes que não há crise no governo nem no país. Como quase toda reunião secreta realizada em Brasília, esta também vazou.

"Companheiro, não fale em crise. Isso quem fala é a oposição e a imprensa, que maximizam problemas. E a oposição, claro, tenta tirar proveito para a campanha eleitoral do ano que vem", disse Lula, assim que um dos parlamentares citou a palavra crise. O presidente afirmou ainda que não vê motivos para fazer uma reforma ministerial agora, porque isto daria à oposição argumentos para dizer que ele está com problemas de governabilidade. Antes, no entanto, em conversa com o PMDB, Lula sondou a cúpula do partido aliado para saber como o Senado reagiria à indicação de um novo presidente do Banco Central.

A reunião realizada na quinta-feira à noite, na residência oficial do presidente da República, tinha por objetivo tratar da relação entre o governo e a bancada de deputados petistas. O presidente queixou-se que 14 deputados e um senador - Eduardo Suplicy (PT-SP) - assinaram o requerimento de convocação da CPI. Lembrou ainda que faltou a retirada de apenas 9 assinaturas para que a CPI não fosse aberta, mas que o PT, com as dissidências, acabou contribuindo para mantê-la viva.

Os petistas também tinham queixas. Disseram, por exemplo, que não entendiam o afastamento do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) da chapa do Campo Majoritário (que detém a maioria política e à qual pertence Lula). O presidente respondeu que esse era um problema da presidência do PT e não dele. Em protesto contra a retirada de seu nome da chapa, Cardozo renunciou ao cargo de vice-líder na quinta.

Assim que soube do afastamento de Cardozo, o também vice-líder João Alfredo (CE) comunicou ao líder Paulo Rocha (PA) que deixaria o cargo. Alfredo foi um dos que assinaram o requerimento de abertura da CPI dos Correios. Mesmo diante dos apelos de ministros e dos líderes do governo, ele se recusou a retirar a assinatura. "Não fui à reunião. Não sou mais vice-líder", disse João Alfredo, que viajou para o Ceará ainda na quinta-feira. Da reunião com Lula participaram, entre outros, o líder Paulo Rocha e os vice-líderes e coordenadores Antonio Carlos Biscaia (RJ), Fernando Ferro (PE), Henrique Fontana (RS), Jorge Bittar (RJ), Luiz Sérgio (RJ) e José Mentor (SP).




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