O agricultor gaúcho e líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) Mário Lill desembarcou nesta quarta-feira no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, depois de passar mais de 20 dias confinado no quartel-general da Autoridade Nacional Palestina, em Ramallah, junto com outros nove ativistas — oito franceses e um britânico. Em entrevista coletiva, Lill disse que o povo palestino vive uma situação desumana e denunciou o que chamou de “ataque covarde” das forças israelenses.

Segundo o sem-terra, o grupo que está no QG de Yasser Arafat sofre com a falta de alimento, condições precárias de higiene e momentos de tensão, já que o exército de Israel tenta invadir o prédio. “Mas a maior angústia foi ver o povo ser massacrado por um exército covarde, imoral e invasor. O exército é superior em armamento, mas não tem dignidade”, disse.

Lill relatou que os soldados israelenses invadiram hospitais e sumariamente mataram palestinos internados considerando como resistente quem estivesse ferido. “Denunciamos essa guerra covarde, a violação das convenções internacionais que estabelecem respeito a hospitais e julgamento digno a quem for preso em guerra. Israel não respeita”, criticou. “Israel só faz o que faz porque tem o apoio dos Estados Unidos da América”, concluiu.

O agricultor sugeriu ao governo brasileiro que corte suas relações, inclusive as comerciais, com Israel. "Acho que o Brasil deveria fechar sua embaixada em Israel. Acho mais: o Brasil deveria romper relações econômicas com Israel", defendeu.

Ele afirmou ainda que o que une o MST aos palestinos é a questão da terra. “Há uma guerra econômica, de dominação entre Israel e os palestinos”, disse, comparando o sistema capitalista, que, segundo ele, impede o acesso à terra no Brasil, ao sistema que financia a guerra entre palestinos e israelenses.

Recepção - Mário Lill chegou a São Paulo às 6h15 e foi recepcionado por integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), do Instituto Jerusalém e do Comitê de Cidadania de Solidariedade à Causa Palestina. Ele foi preso na segunda-feira pelo Exército israelense depois de deixar o quartel-general da Autoridade Nacional Palestina, em Ramallah, na Cisjordânia.

O sem-terra saiu de Tel Aviv (Israel) na terça-feira e fez uma escala em Frankfurt, na Alemanha. Ele foi acompanhado pelo representante da Embaixada Brasileira Roberto Coutinho.