Política Titulo Flexibilização
Região dá aval a escritórios e concessionárias a abrir hoje

Prefeitos assinam resolução que inclui estabelecimentos autorizados a funcionar também na Capital

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
06/06/2020 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC decidiu autorizar a reabertura gradual do comércio na esteira da Capital já a partir de hoje, a despeito de se manter na faixa vermelha do plano estadual. Em assembleia extraordinária ontem, os prefeitos da região aderiram à resolução que estabelece normas para o funcionamento de escritórios de serviços, como advocacia e contabilidade, além de concessionárias e revendedoras de veículos nesta primeira medida, seguindo deliberação do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), que deu aval para retomada destas atividades econômicas.

O documento do Consórcio foi formalizado durante o encontro por videoconferência. Com a resolução, ficará a cargo de cada prefeitura publicar decreto próprio sobre a questão, disciplinando os procedimentos da liberação na cidade. Até então, estava válida na região somente a continuidade de serviços essenciais, a exemplo de supermercados e farmácias.

O secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi (PSDB), participou de parte da reunião do Consórcio e foi avisado da decisão. Antes disso, em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, Vinholi confirmou tendência de o Grande ABC mudar de fase diante do aumento da capacidade hospitalar – o anúncio deve ser na quarta-feira, com efetivação prática no dia 15, quando se encerra a atual quarentena. “Está aqui o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), que é o presidente do Consórcio dos municípios do Grande ABC, que recebeu 40 respiradores. Somados aos próximos 30 que vai receber no início da semana, ultrapassa a meta e pode ter redução da taxa de ocupação para níveis inferiores a 80%, portanto, indo para a fase laranja, se concretizado, na quarta-feira”, pontuou Vinholi.

A Capital entrou na faixa laranja do plano estadual, se descolando excepcionalmente da Região Metropolitana. Bruno Covas havia, no entanto, segurado a flexibilização até dia 15, cenário que apontaria afrouxamento em data conjunta com outras cidades. Apesar desta iniciativa anunciada, o tucano mudou de ideia.

“Estávamos decididos a seguir a quarentena, mas, infelizmente, mais uma vez a gente vê a Capital errando, vem tendo atitudes sem se colocar na Região Metropolitana. Estamos chamando de ilha da fantasia, mais uma vez colocando o Estado em saia justa. Nos sentimos prejudicados. Nos reunimos e saímos com essa resolução. A partir de hoje, as concessionárias e escritórios estão autorizados a funcionar como na Capital”, pontuou Maranhão.

Na tentativa de evitar ação do Ministério Público contra os decretos municipais do Grande ABC, os textos devem ser semelhantes ao elaborado em São Paulo. Entre os pontos estão possibilidade de quatro horas por dia de atendimento ao público, restrição a 20% da capacidade total de ocupação, fechamento em horários de pico (das 7h às 10h ou das 17h às 20h) e exigência de uso de máscaras e álcool gel à disposição. Cientes do encaminhamento, concessionárias, conforme flagrou o Diário, já preparavam terreno para reabertura das portas.

Secretário de Doria pedirá que cidades aguardem Estado

Integrante do alto escalão do governo João Doria (PSDB), o tucano Marco Vinholi ratificou que fará agenda presencial hoje no Grande ABC. A agenda começa às 11h, na sede do Consórcio Intermunicipal, ao lado dos prefeitos das sete cidades. A principal pauta da visita era até então a ajuda do Estado para financiar a instalação de hospital de campanha de média complexidade no segundo andar do Quarteirão da Saúde, em Diadema, para receber pacientes da região e Zona Sul da Capital, mas, com a mudança do cenário, a flexibilização gradativa vai entrar na discussão. Isso porque a decisão conflita com a determinação do Estado.

“Os decretos e ações dos municípios precisam observar a classificação dada pelo Plano São Paulo, que foi baseada no panorama de evolução da doença e na capacidade de atendimento da saúde pública nas suas regiões. A Secretaria de Desenvolvimento Regional dialoga com os municípios para que sigam a retomada consciente. O Grande ABC permanece na Fase 1 (de restrição máxima) com tendência de reclassificação para outra fase a partir da próxima semana, caso mantenham todos os critérios estabelecidos pelo Estado”, afirmou Vinholi, por nota.

Vinholi sinalizou que deve buscar nesta reunião de hoje conversar com os chefes do Executivo para reverter a decisão, por enquanto não autorizada pelo Estado, e se aguarde o anúncio do Palácio dos Bandeirantes na semana que vem, após a chegada dos respiradores e possível ampliação da capacidade hospitalar. “Para que a gente possa resguardar a saúde pública da população. Vamos, conforme os decretos forem editados, se assim forem, orientar e posicionar, notificando cada uma das cidades para que sigam o decreto estadual. Essa tem sido nossa postura desde o início. Vamos seguir através do diálogo”, disse o secretário, ao G1.

O pleito, oficializado por Diadema no fim de março e agora encampado pela entidade regional, visa transformar espaço de 2.000 metros quadrados do Quarteirão – onde era planejado acolher unidade da Rede Lucy Montoro –, com cerca de 100 leitos. Na visão dos prefeitos, se houver abertura desse hospital de campanha e a concretização dos novos respiradores prometidos, a região tem condições mais que suficientes para migrar para a faixa laranja ou até mesmo passar à zona amarela do plano estadual. “Semana que vem podemos até mudar mais do que uma fase”, projetou Gabriel Maranhão, dirigente do Consórcio, ao Diário.

Maranhão reforçou que os números do Grande ABC são melhores do que os da Capital e taxa de ocupação de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) está em 57%.




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