Nesta quinta, às 8h50, o assassino, que se identificou como Paulo, ligou para o escritório de Ruiz e falou com a secretária Gláucia Barros dos Santos. Ele disse que havia recebido uma indicação de um conhecido chamado Olavo e que gostaria de realizar uma visita a Ruiz. Gláucia afirmou que o advogado poderia atendê-lo às 9h30.

Pontualmente, o criminoso entrou no escritório, instalado num sobrado. Segundo descrição da testemunha, o homem é branco e magro, tem entre 25 e 30 anos, muitas espinhas no rosto, olhos castanhos escuros, 1,70 metro de altura, usava um boné azul e vestia calça jeans e um moletom amarelo.

Como Ruiz estava atendendo outro cliente, a secretária pediu que ele esperasse alguns minutos. O assassino saiu do escritório e disse que iria tomar um café. Cinco minutos depois, ele voltou e recebeu a permissão da secretária para entrar na sala do advogado, localizada no andar superior.

O criminoso subiu a escada, entrou na sala de Ruiz e disparou dois tiros com uma pistola 380, atingindo o peito e a cabeça do advogado. Em seguida, desceu correndo pela escada e, segundo a polícia, esbarrou com um sócio de Ruiz, Fernando Sguillaro Credidio, 25 anos, que, ao ouvir os tiros, foi ver o que estava acontecendo. O assassino passou correndo pela porta do escritório e conseguiu fugir.

Credidio foi até a rua e pediu ajuda a uma pessoa que trabalha nas proximidades. Ela não quis se identificar. “Chamei o Resgate e os bombeiros apareceram em cinco minutos. Ruiz estava ofegante, sentado em sua cadeira”, disse.

O advogado foi então levado ao pronto-socorro do Hospital Municipal e depois transferido para o Hospital Cristóvão da Gama. Não resistiu aos ferimentos e morreu às 13h. Ele era casado e tinha dois filhos, um menino de 9 anos e uma menina de 3 anos. Além de exercer a advocacia, também possuía um posto de gasolina em Mauá.

“O assassino parecia um cliente normal, não aparentava estar armado e não desconfiei dele. Foi um choque muito grande. Ruiz era um excelente patrão e vai fazer muita falta. Não tenho conhecimento de qualquer problema com algum cliente”, afirmou, chorando, Gláucia, que trabalha há dois anos no escritório.

“Ruiz era querido por todos. Certamente foi vingança. Quem trabalha na área criminal lida com vários tipos de pessoas. No entanto, ainda não podemos descartar nenhuma hipótese”, afirmou o delegado Roberto Von Haydin Júnior, que registrou o caso no 1º DP de Santo André. Já existe um suspeito e policiais da Delegacia de Homicídios tentaram capturá-lo nesta quinta, mas não conseguiram até o fechamento desta edição.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santo André prometeu fazer uma nota de protesto nesta sexta contra o assassinato. “Foi um homicídio brutal, inconcebível, de um profissional que exercia seu trabalho com dignidade. Ruiz era um excelente advogado e não tinha nenhuma queixa no Conselho de Ética da entidade”, disse o presidente do órgão na cidade, José Sinésio Correia.