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Obras abalam edifício e desalojam 4 famílias

Prédio na Vila Guarani, em Sto.André, foi interditado depois do aparecimento de trincas e rachaduras

Yasmin Assagra
Diário do Grande ABC
02/03/2020 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Quatro famílias que residiam em prédio na Rua Jurema, na Vila Guarani, em Santo André, passaram a morar “de favor” na casa de parentes desde o dia 18 de janeiro e viram o sonho da casa própria virar pesadelo. Isso porque, ao lado do edifício, houve a demolição de uma casa para construção de apartamentos e, a partir daí, o prédio passou a apresentar vários problemas estruturais, como rachaduras e trincas nas paredes e esmagamento das colunas. Diante da ameaça de consequências mais graves, a Defesa Civil interditou o imóvel.

A equipe de reportagem do Diário esteve no local e encontrou uma das famílias que morava no prédio havia quatro anos. O administrador Renan Oliveira dos Santos, 36 anos, que tinha se mudado para o empreendimento com a mulher, a secretária Cristina França, 34, e o filho de 2 anos, comenta que depois de quatro dias da demolição, começaram a perceber as rachaduras iniciais.

“Depois disso, estávamos dormindo e escutamos barulhos altos dos pisos quebrando e da estrutura cedendo. Eram 3h e, com medo da situação, pegamos algumas coisas e fomos para minha sogra, em São Caetano”, conta Renan.

A esperança de retornar ao apartamento sonhado acabou, pelo menos por enquanto. No dia 4 de fevereiro, quando a Defesa Civil realizou a terceira vistoria, constatou o esmagamento das colunas e interditou o prédio. “Todas as famílias só conseguiram tirar as roupas. De resto, ainda está tudo nos apartamentos”, comenta Santos.

De acordo ainda com os relatos dos moradores, a construtora responsável pela obra vizinha, Julio e Lisboa Empreendimentos, não se responsabilizou pelos transtornos. “Nunca tivemos problema desde que nos mudamos para o apartamento. Aliás, nenhum dos moradores. Eles (construtora) alegam que não são responsáveis pelos problemas, mas logo que saímos do prédio, eles vieram e colocaram escoramento em toda a garagem. Isso que não entendemos. Afinal, garantem não ter culpa”, comenta o administrador.

Ainda segundo moradores, nas tratativas com a construtora, a empresa informou que poderia fornecer auxílio de R$ 1.000 para pagamento de aluguel. No entanto, as famílias alegaram que o mínimo teria de ser R$ 1.400 para conseguirem alugar imóvel no mesmo bairro. “Mas esse acordo não foi para frente. Eles recusaram e disseram que não iam mais assumir esse auxílio”, lamenta Renan.

De acordo com o laudo técnido da Defesa Civil, “foi constatado que ocorreu esmagamento de coluna do prédio de apartamentos, coluna que está em divisa com a obra de construção civil”. Ainda no documento, consta a série de problemas, como “esmagamento de coluna, deslocamento do prédio, afundamento do piso e esmagamento de parede de divisa”.

Em nota, a Defesa Civil informou que foi observado risco de colapso das estruturas do imóvel e por isso, houve “a necessidade de os ocupantes abandonarem as suas moradias, com o objetivo de preservar a integridade física destas pessoas”.

POSICIONAMENTOS - Procurada, a construtora Julio e Lisboa Empreendimentos destacou, em nota, que a obra é particular, mas “a responsabilidade da ocorrência do risco de desmoronamento não é da empresa mencionada e sim da construtora do devido empreendimento”. “No terreno da construção não foi feita nenhuma escavação, ou seja, o imóvel vizinho estava escorado na casa que foi demolida”, aponta a empresa.

Também procurado, o construtor responsável pelo edifício afetado, Jorge Tartucci, comentou ao Diário que, além de nunca terem presenciado problema como este, participará de todas as tratativas para solução do caso. “Estamos acompanhando de perto o caso e seremos testemunhas no que for preciso para auxiliar os moradores”, ressaltou Tartucci. “O edifício existe há anos e nunca houve transtornos como esse”, afirmou.
 




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