Memória Titulo
Histórias que vêm do apaixonando amadorismo
Ademir Medici
13/10/2015 | 07:00
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“O futebol amador joga por amor, porque falta uma estrutura básica. Tenho a felicidade de jogar há mais de 40 anos sem nunca ter me machucado. E nunca ganhamos 1 real para jogar. (ter campos ruins) é pior para a nossa categoria, que é mais lenta, tem maior dificuldade de carregar a bola porque falta a força física de antigamente.”

Cf. Dr. Dire, advogado e atleta do Star do Jardim Cristiane.

 

O Campeonato Amador de Futebol de Santo André, categoria Star – jogadores com mais de 50 anos – completou suas três primeiras rodadas e houve folga geral no último final de semana. São 14 equipes, divididas em duas chaves. Jogam entre si, dentro das chaves. Classificam-se as quatro melhores da chave 1 e as quatro da chave 2. Faltando três rodadas, duas equipes venceram todos os jogos: Nacional e São Jorge.

Memória acompanhará as próximas três rodadas e, em seguida, o ''mata-mata''. Mas, o mais importante, são as histórias que temos colecionado, contadas por personagens fascinantes do amadorismo mais que veterano no ano em que Santo André completa um século da formação da primeira liga de futebol, de efêmera mas real existência no ano da graça de... 1915.

 

Bacalhau: ele se emociona ao falar de futebol

Carlos ‘Bacalhau’ (Vila Prudente, 12-7-1956). O apelido vem dos tempos em que trabalhava na feira. Hoje continua a trabalhar em indústria.

Já jogou em clubes como o Torino, Ceci, Santo Alberto, Em Cima da Hora (o de Santo André e o de São Caetano), Bonsucesso, Madureira, Nacional. Jogou em várias cidades, como São Bernardo, onde defendeu o Olaria de Vila Baeta.

“A gente gosta, e gosta muito, de futebol. Se a gente não fica à beira do campo...”, diz Bacalhau, sem esconder a emoção na voz gravada.

E acrescenta: “Essa é a minha vida: o futebol. A minha vida inteira eu vivi o futebol amador. Não poderia passar sem ele.”

 

O gol que marcou para sempre a carreira de Vagner

1989. Decisão do campeonato de Santo André. Estádio Bruno Daniel. Guaraciaba e Alvorada fazem o segundo jogo – no primeiro, realizado no Sítio Tangará, empate de 2 a 2, depois de o Guaraciaba estar duas vezes à frente do placar.

No banco de reservas, Vagner Carvalho da Silva (Santo André, 10-10-1962). Um inquieto Vagner.

– Vagner, fica sossegado. Você vai entrar e fazer o nosso gol – cochichava ao seu ouvido o auxiliar-técnico Zezão. O técnico era o Isaias.

Vagner entra no segundo tempo. Nicão avança pela esquerda, chuta forte, cruzado. Verdadeira paulada. O goleiro do Alvorada espalma. Vagner vem na corrida, de primeira. Gaveta. Corre para a galera. Era o gol do título do Guaraciaba.

Vagner rememora: “Foi o maior jogo da minha vida. Naquele ano perdemos um amigo, Bito, filho do Isaias. Jogara com o time desde o início e foi assassinado no carnaval. Moleque criado com a gente. Dediquei aquele jogo a ele.”

Vagner completará 53 anos dia 20. Andreense (20-10-1962). Sempre trabalhou em empresas de ônibus. Hoje é o encarregado da Expresso Guarará.

 

Humberto Melo, professor de educação física. Joga mesmo com uma deficiência na perna. Uma barbeiragem médica

A cada nova equipe, a cada novo jogo, o ponteiro-esquerdo Humberto Melo tem que provar o seu valor. Por isso, trabalha cada vez mais. Ele é portador de uma deficiência física na perna, um erro médico.

Caiu da bicicleta. A perna foi engessada erradamente. Dezenove dias de gesso errado. Resultado: seis anos para chegar ao atual estágio. Manca, mas é o que mais corre. Corre muito, e acha que ainda está fora de ritmo.

- Não estava treinando de acordo, mas a vontade de jogar é muito grande.

Força de vontade em tudo. Formou-se em Educação Física, com pós-graduação e doutorado. Trabalha no Projeto Tigrinho, de São Bernardo, no núcleo do Batistini. São 34 núcleos e 34 professores fazendo o trabalho de formação e integração dos meninos.

Humberto Melo nasceu em Barreiros (PE), em 3-2-1962. Veio para São Bernardo quando tinha seis meses de idade. São 53 anos de São Bernardo. No dia do jogo em Vila Guaraciaba, ele já havia jogado pela manhã na Vila Baeta, em São Bernardo, pelo Madureira local. É a primeira vez que joga no Guaraciaba, levado pelo Esquerda, apelido do futebol do Reginaldo. Assistimos ao primeiro tempo. Humberto, melhor homem em campo.

 

O animado campeonato dos evangélicos

Carlos Alberto de Oliveira, o... Não, não vamos revelar o seu apelido do futebol. É muito feio. Mas ele é um perfeito cavalheiro. Educação refinada. Andreense, nascido em 22-7-1955. Zagueiro.

Começou no dente-de-leite da Pirelli. Cresceu e passou para o Dentão. Jogou no Clube da GE, disputando o campeonato do antigo DEFE. Retornou a Pirelli, agora como funcionário, jogando no time da fábrica - bastava ser bom de bola e cumprir as obrigações na firma para trabalhar na Pirelli.

Evangélico, é o técnico do time da igreja Tabernáculo de Deus, com sede na Vila Vitória, em Santo André. Pastor Gerson, da Igreja Presbiteriana, organiza os campeonatos anuais, em julho. A Tabernáculo joga no complexo Pedro Dell''Antonia e por duas vezes foi campeão. Este ano ficou em terceiro, com a Assembleia de Deus da Penha campeã e a Presbiteriana do Parque das Nações vice.

Carlos Alberto é o técnico da Tabernáculo. E joga na equipe dos jogadores com mais de 40 anos.

Os evangélicos organizam vários campeonatos. Tem time feminino, time de futebol de salão... Precisamos falar com o pastor Gerson e depois trazer mais detalhes.

 

Dire, um doutor em campo

Valdir Lixandrão (São Caetano, 3-8-1957). O Dire do futebol. Para nós, Dr. Dire, advogado, especializado na área trabalhista. Trabalha numa ONG de Diadema que congrega 900 menores aprendizes. Um trabalho social. Ministra cursos e encaminha os jovens para as empresas.

Dr. Dire, que sempre trabalhou em grandes indústrias, formou-se em Administração pelo IMES (hoje Uscs). Atuando em RH, entendeu que deveria ter um maior conhecimento das leis trabalhistas. Então fez Direito na Unip, em São Paulo.

Ah, mas o futebol...

"O Santo Alberto uniu-se com o Cristiane para este campeonato. A união do 2º subdistrito com a sede de Santo André. Isso é que faz a amizade da várzea: unir os times", discorre o Dr. Dire.

"O futebol amador da cidade como um todo joga por amor, simplesmente por isso", acrescenta, ainda à beira do estádio de Vila Guaraciaba.

Em campo, a elegância na caminhada, nos passes e nos gestos, como o de estender a mão ao goleiro adversário depois do tento assinalado.

 

Diário há 30 anos

Domingo, 13 de outubro de 1985 - ano 28, nº 5954

MANCHETE - Cresce a renda familiar na região.

Domingo em São Bernardo - A Rua Padre Lustosa, em foto de Beltran Asêncio.

DOMINGO EM MAUÁ - A história da família Antico (parte I).

DOMINGO EM RIBEIRÃO PIRES - O Cemitério São José, inaugurado em 1908.

 

Em 13 de outubro de...

1915 – O superintendente da Estrada de Ferro São Paulo Railway visita Santo André. Vem acompanhado do chefe do tráfego, Antonio Fidelis.

1970 – Jornalista Ana Regina Stefanelli, do Diário, ganha o Prêmio Reportagem de São Bernardo, com matéria especial sobre o professor Sebastião Faria de Queiros: “A luta foi árdua; o velho soldado está cansado.”

 

Hoje

Dia do Fisioterapeuta

Dia do Terapeuta Ocupacional

Dia do Corintiano

Dia Mundial do Escritor

 

Santos do Dia

São Daniel e companheiros. Os frades franciscanos doaram à Igreja grandes santos. Hoje celebramos a memória de sete missionários que dispensaram todos seus esforços para a evangelização do Norte da África e foram brutalmente martirizados. Corria o século 13.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza

Celidônia

Geraldo de Aurilac

Venâncio

Bv. Alexandrina de Balasar

 

Município Paulista

Porto Feliz. Elevado a vila em 13 de outubro de 1797, quando se separa de Itu.

 

 

 




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