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Alegria, alegria

Houve época, acredite, em que os jornais tinham uma seção, ou Editoria, de Polícia, que tratava de crimes; e outra, separada, a várias páginas de distância, de Política, que tratava da luta pelo poder e da ação administrativa

Carlos Brickmann
Para o Diário do Grande ABC
02/04/2014 | 00:21
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Houve época, acredite, em que os jornais tinham uma seção, ou Editoria, de Polícia, que tratava de crimes; e outra, separada, a várias páginas de distância, de Política, que tratava da luta pelo poder e da ação administrativa. Hoje tudo se misturou: as editorias de Política e Polícia tratam basicamente de crimes e denúncias (na área de Política, os danos ao patrimônio público são em geral bem maiores). Até a luta pelo poder virou uma disputa de dossiês, para provar que o adversário é mais ladrão que o aliado. Chato demais, cansativo demais.

Mas ainda há espaço para a alegria e o repousar d’alma. O governador baiano Jaques Wagner, PT, decretou feriado em todo o Estado sempre que a Seleção brasileira jogar durante a Copa, não importa em que local. E será feriado em Salvador quando lá houver jogo de Copa de qualquer país, mesmo sem Brasil.

Será feriado em toda a Bahia no dia 12 de junho, quinta, pela estreia do Brasil, no estádio do Corinthians, em São Paulo. E sexta, 13, em Salvador, por Espanha x Holanda. E segunda, 16, em Salvador, por Alemanha x Portugal; e em toda a Bahia dia 17, terça, jogo do Brasil. Na quarta, enfim, trabalha-se; quinta, 19, é feriado de Corpus Christi; sexta, 20, França e Suíça jogam em Salvador. Segunda, 23, joga o Brasil. Terça, 24, é feriado de São João. Quarta, 25, jogam Bósnia e Irã, em Salvador. Quinta, sexta e segunda, 26, 27 e 30, pausa para trabalhar. Terça, 1º de julho, oitavas de final em Salvador; quarta, 2 de Julho, feriado da Independência da Bahia. O calendário de folgas das finais ainda não saiu.

Da alegria aos pontapés
E voltemos ao país de sempre. Para reduzir a repercussão da CPI da Petrobras, a bancada governista tenta criar outra CPI, para investigar a formação de cartel no Metrô e trens metropolitanos de São Paulo – iniciado e mantido durante Governos tucanos. E, ao mesmo tempo, retardar ao máximo a CPI da Petrobras. Daqui a pouco começa a Copa e espera-se que as denúncias percam a força.

O lado bom
A CPI do Cartel é uma ótima iniciativa: permite iluminar um caso até agora inexplicavelmente obscuro. É impossível acreditar que um único secretário do Governo tucano de Mário Covas, Robson Marinho, seja o exclusivo beneficiário de cartel e de propinas. Marinho era chefe da Casa Civil de Covas e seu homem de confiança; mas, por poderoso que fosse, não conseguiria, sem cumplicidades diversas, montar todo o esquema que lhe atribuem. Uma CPI poderia levantar quais secretários e altos funcionários de Covas (e dos governos que o sucederam) que tinham entre suas funções verificar a lisura das ações oficiais e o comportamento dos responsáveis pelos grandes contratos do Estado, e investigar como agiram. Uma coisa é certa: se Robson Marinho é culpado, não é culpado sozinho.

Pasadena, outro lado
Há pauladas sem parar no Conselho da Petrobras, por ter aprovado a compra da refinaria de Pasadena, EUA, sem se inteirar de todos os detalhes do processo. Mas isso é consequência de um velho hábito dos vários Governos brasileiros: paga-se um salário baixo a ministros e altos funcionários (muito inferior ao que teriam na iniciativa privada) e se dá um complemento nomeando-os para conselhos de estatais. Um bom exemplo é a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff: em 2006/2007, ganhava $ 8.362 de salário no Governo. E R$ 8.700 como conselheira da Petrobras e da BR, por uma reunião de dois em dois meses. A ministra Miriam Belchior estava, nessa época, no Conselho da BR. Itaipu paga R$ 19 mil aos conselheiros. O ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, está no Conselho Fiscal do Sesc nacional. O jeton é de R$ 20 mil.
Mas isso não é coisa de PT, apenas. O secretário-geral do PPS, o pernambucano Roberto Freire, foi conselheiro da Sabesp, estatal paulista de água e esgotos, junto com o ex-senador tucano Antero Paes de Barros, de Mato Grosso. Uns R$ 12 mil mensais. Freire foi também conselheiro de duas empresas municipais paulistanas, Emurb e SPTurismo. Deu para viver enquanto estava sem mandato.

Poética
Da coluna Diário do Poder (www.diariodopoder.com.br), assinada por Cláudio Humberto: “O escândalo da Petrobras, com o perdão de Carlos Drummond, sugere o poema: ‘Gabrielli desmente Graça Foster, que culpa Paulo Roberto Costa, que enganou Dilma, que safou Lula, que não sabia de nada’.” O poema que Cláudio Humberto parafraseia em sua coluna é um dos mais famosos de Carlos Drummond de Andrade. Seu título: Quadrilha.
 




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