Economia Titulo
Mulher aposentada amplia mercado, mas perde renda
Por Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
28/07/2005 | 08:22
Compartilhar notícia


A redução do valor médio da aposentaria está levando as mulheres aposentadas a ampliar o espaço no mercado de trabalho paulista, de acordo com informações de pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Segundo o levantamento, o número de aposentadas inseridas no mercado formal ou informal no Estado aumentou 243,2% entre 1992 e 2003, mas o rendimento médio das aposentadorias dessas mulheres no período caiu de R$ 310,92 para R$ 266,56 (14,3%).

No caso dos homens, o incremento do universo de aposentados ocupados é bem menor (47,5%), mas, em compensação, o rendimento médio dos benefícios deles havia saltado de R$ 476,34 para R$ 666,40 (39,9%) no final do período pesquisado.

Os dados integram a pesquisa Aposentadas e Mulheres de 40 anos e Mais no Estado de São Paulo 1992-2003, realizada pelo Seade e que levou dois anos para ser concluída. O estudo tomou por base informações da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita anualmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo a pesquisa, o salário das mulheres aposentadas caiu devido ao aumento do número de aposentadorias femininas no período, principalmente de mulheres com menor escolaridade e que, por conseqüência, recebem menos. "O valor das aposentadorias está diretamente ligado ao nível de escolaridade", destacou a economista e analista do Seade Maria de La Luz Prada Mato.

Segundo ela, as mulheres aposentadas também estão participando mais do mercado de trabalho devido, entre outras razões, ao processo de envelhecimento da população brasileira. Em 1992, 27,8% das mulheres brasileiras e 25,2% dos homens tinham mais de 40 anos – em 2003, esses porcentuais saltaram para 34,4% e 30,8%, respectivamente.

Outros motivos importantes, de acordo com Maria de La Luz, são a mudança cultural, que levou as mulheres ao mercado de trabalho, e a necessidade de contribuir com o orçamento familiar, já que 41% dos aposentados recebem salário mínimo. "Também contribuiu o fato de o sistema previdenciário, até 1998, permitir aposentadoria com 25 anos de tempo de serviço." Segundo a economista, isso levou muita gente jovem a se aposentar e continuar no mercado.

Rendimento – O número de famílias chefiadas por aposentados de 40 anos e mais aumentou 70,2% entre 1992 e 2003 – passou de 1,38 milhão para 2,35 milhões. Nesse quesito, o aumento do número de mulheres aposentadas que são chefes de família foi maior na faixa entre 40 a 59 anos: 162,8%.

De acordo com Maria de La Luz, isso também reflete um traço cultural. As mulheres nessa faixa etária ganham aposentadoria de R$ 666,40 em média – que representam 75% do benefício dos homens aposentados na mesma faixa de idade – e 46,8% delas têm curso superior completo.

Em relação às mulheres com mais de 60 anos – que representam 47% das ocupadas –, o rendimento médio das aposentadorias foi de R$ 266,56 – 50% inferior aos homens da mesma faixa etária e 60% inferior aos benefícios das aposentadas entre 40 e 59 anos –, número responsável pela redução da média de rendimentos femininos.

Entre as mulheres com mais de 60 anos, que são 76% das aposentadas chefes de família, 63,9% não têm nem ensino fundamental completo. "Deve-se ressaltar que, nessa faixa etária, 44% das mulheres chefiam famílias unipessoais, ou seja, moram sozinhas."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;