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São Bernardo é a segunda cidade menos vulnerável à Covid no País

Estudo considera fatores como PIB, número de leitos hospitalares e quantidade de respiradores

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
19/05/2020 | 00:01
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São Bernardo é o segundo município brasileiro menos vulnerável à Covid-19, de acordo com o IVM (Índice de Vulnerabilidade dos Municípios), criado pelo Instituto Votorantim. O estudo classificou todas as 5.570 cidades do País em relação ao seu grau de fragilidade no combate à pandemia. Na primeira posição ficou a cidade de Colina, também em São Paulo, e, em terceiro, Nova Lima, de Minas Gerais.

Segundo o IVM, os índices podem variar de zero a 100 – onde quanto mais alto o valor, maior é a vulnerabilidade – e o levantamento considera fatores como a proporção da população idosa, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita, número de leitos hospitalares, acomodações de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e o número de respiradores a cada 100 mil habitantes. O estudo utiliza apenas dados públicos do município, como IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), SUS (Sistema Único de Saúde), CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) e ANSS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

São Bernardo se destacou pelo número de leitos já entregues ao sistema de saúde para atendimento aos pacientes que testaram positivo para a doença. Na quinta-feira, a cidade abriu o Hospital de Urgência, no Centro, onde são ofertados 250 leitos, sendo 80 de UTI (apesar de que 40 ainda esperam pela chegada de respiradores para entrarem em funcionamento) e 170 de enfermaria. A rede municipal de saúde conta, atualmente, com 477 leitos destinados aos pacientes infectados com a Covid-19, sendo 366 de enfermaria e 111 de UTI.

Os casos confirmados e óbitos da Covid por cidade são atualizados instantaneamente por meio de informações das secretarias municipais e estaduais. Ainda na pesquisa, em cenário regional, São Caetano aparece na vice-liderança, seguida por Mauá, Santo André, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Diadema.

O gerente-geral do Instituto Votorantim, Rafael Gioielli, destacou que, estudando a crise instalada com a pandemia, os técnicos perceberam o tema como multidimensional, ou seja, o impacto não afetou apenas a saúde pública, mas também os cenários econômico e fiscal. “Fomos listando estes indicadores para termos uma visão mais qualificada de todos os municípios. Quando começamos a usar este índice e realizar compartilhamentos com especialistas, percebemos que a ferramenta era robusta e consistente para análises”, declara Gioielli, que espera que a pesquisa agora sirva como apoio aos setores públicos e privados em toda região.

O gerente-geral comenta que os índices também apoiaram as tomadas de decisões do próprio Instituto Votorantim quanto aos investimentos realizados nas cidades, principalmente com relação às emergências criadas com a chegada do coronavírus. “Temos volume de recursos para investir, mas nossas demandas superam esta capacidade de investimento. Então, conseguimos traçar critérios e priorizar as ações para investirmos”, detalha.

O principal foco do Instituto Votorantim são municípios menores, considerando a escassez de infraestrutura de saúde nessas localidades. No total, as iniciativas realizadas em conjunto pelas empresas do grupo, somadas às ações individuais das companhias, somam R$ 150 milhões. O Instituto tem mais de 300 projetos, em todas as regiões do País, que foram redirecionados para o combate à pandemia. Na região, tem atuação em Santo André, através da concreteira Engemix, de propriedade da Votorantim Cimentos.

(colaborou Vanessa Soares) 

Índice é composto por cinco pilares relevantes diante da pandemia

Para chegar ao resultado do IVM (Índice de Vulnerabilidade dos Municípios), o Instituto Votorantim distribuiu os resultados em cinco pilares temáticos, cada um com peso e relevância diferentes no contexto da pandemia.

O primeiro pilar se baseia na população vulnerável (com carga no índice em 32,35%) e identifica o grau de exposição e sensibilidade da população municipal em relação à pandemia. Este pilar considera a proporção de população idosa, internações por doenças sensíveis à Covid por 1.000 habitantes – proporção da população inscrita no cadastro único, densidade demográfica e taxa de urbanização.

No segundo fator, são analisados a economia local (peso de 11,76%), que identifica o nível de desenvolvimento econômico da população municipal e considera o PIB (Produto Interno Bruto), proporção da população e salário médio dos trabalhadores formais.

Como terceiro pilar está a estrutura do sistema de saúde (peso de 23,53%), que pontua a capacidade de atendimento dos equipamentos municipais no combate ao novo coronavírus e observa leitos hospitalares na microrregião por 10 mil habitantes, vagas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por 10 mil munícipes e ventiladores e respiradores no município por 100 mil moradores.

No quarto pilar são avaliados a organização do sistema de saúde (com peso de 20,59%), que identifica aspectos da organização que colaboram no combate à pandemia, o que considera a proporção da população dependente do SUS (Sistema Único de Saúde), necessidade de transferir internações e exames para outros municípios e proporção da população coberta pela atenção básica.

Por fim, a capacidade fiscal da administração (peso de 11,77%), onde é identificada a capacidade da gestão pública em direcionar recursos financeiros durante à pandemia, que considera autonomia fiscal e de investimentos.

A consulta do índice é gratuita pelo site ivm.votorantim.rarolabs.com, que permite navegar pelo mapa do País, buscando por Estado, região e cidade, com indicações das áreas em que a disseminação da Covid-19 é mais crítica.




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