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Grande ABC: vereadores trabalham no recesso
Por Miriam Gimenes
Especial para o Diário
e Renan Cacioli
Do Diário do Grande ABC
24/07/2005 | 08:23
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"Recesso não significa férias." Essa foi a frase mais ouvida nos gabinetes das sete câmaras de vereadores da região sobre o período no qual eles têm direito a descanso duas vezes por ano – assim como deputados estaduais, federais e senadores. Agora, em julho, mesmo sem as sessões ordinárias que movimentam os projetos de leis de cada Legislativo, a procura dos munícipes permaneceu intensa. E pelo que a reportagem do Diário apurou, mesmo sem a presença constante dos parlamentares, assessores e chefes de gabinete deixam as portas abertas para o atendimento dos moradores.

A única exceção foi na Câmara de Rio Grande da Serra, onde nenhum dos nove vereadores costuma dar expediente. Em São Caetano, o trabalho neste mês não se limitou ao atendimento em gabinetes: a maioria dos parlamentares preferiu ir de encontro ao eleitorado. Gilberto Costa (sem partido) foi um dos poucos vereadores sempre presente na Casa.

A constatação da movimentação na grande maioria das câmaras do Grande ABC reforça a pesquisa realizada pelo Diário no início do mês, quando foi perguntado aos vereadores se eles eram favoráveis ou não ao fim do recesso de julho: na ocasião, dos 106 políticos entrevistados, 67 manifestaram-se favoráveis ao término no benefício (63%), 22 eram contra e 17 não tinham certeza.

Apesar de não oficializado por nenhum projeto de lei que obrigue os políticos a marcarem presença, foram poucas as portas encontradas trancadas. A maioria das salas tinha, ao menos, uma pessoa respondendo pelo vereador. Teve Legislativo que aproveitou as férias para finalizar projeto que determine o fim do recesso parlamentar em julho. Em Diadema e em São Bernardo existe a possibilidade de a proposta entrar em votação logo na primeira semana de agosto.

No pique – Em Santo André, quase todos os gabinetes mantiveram-se em funcionamento. Os vereadores José Montoro Filho, o Montorinho (PT), Carlos Raposo (PV) e José de Araújo (PMDB) até deram expediente. "Este mês é bastante produtivo. Atendi média de 12 pessoas por dia", disse Montorinho.

Dos 21 gabinetes, dois foram encontrados de portas fechadas: de Dinah Zekcer (PTB) e de Jurandir Gallo (PT), o mesmo que em pesquisa anterior feita pela reportagem afirmou ser contra o recesso.

Também na Câmara de São Bernardo, o movimento foi intenso. A bancada do PT, por exemplo, esteve diversas vezes reunida para discutir o pedido de CPI sobre a Saúde, por causa da não-prestação de contas da Prefeitura junto ao Conselho Municipal da cidade. Fora isso, todos os gabinetes estiveram bastante movimentados, com reunião entre parlamentares e assessores e atendimento ao público. O único ausente por motivo de viagem foi Névio Carlone (PSB). "O atendimento é como se não estivessem de recesso", disse o munícipe Carlos Alberto Destro, que foi à procura de Alex Manente (PPS). "O vereador acaba sendo o reflexo de tudo o que a população necessita", afirmou Manente, líder do governo na cidade.

Para o presidente da Casa, Laurentino Hilário (PSDB), que pretende tirar apenas três ou quatro dias de descanso no final do recesso, o trabalho da Câmara não pára. "A grande maioria não sai daqui".

Plenário – Em Ribeirão Pires ocorreram até três sessões extraordinárias durante o recesso. Entre outras coisas, foi aprovada a Lei do Silêncio – que determina os horários e limites de barulho permitidos para determinados estabelecimentos. "A Câmara de Ribeirão nunca fica em recesso", afirmou o presidente da Casa, Saulo Benevides (PTB).

Nos gabinetes, somente uma ausência: João Lessa (PSDB), que estava em férias, mas deve reassumir suas funções nesta segunda-feira.

Impasse – A questão do recesso na Câmara de Diadema passa por situação delicada. Uma das três cidades da região a ter um projeto de lei que termina com o benefício de julho, parece faltar aos membros da Casa um entendimento maior, tendo em vista que a grande maioria mostrou-se favorável à idéia de extingüir o recesso da metade do ano. "Tenho certeza que o projeto vai ser aprovado por unanimidade", afirmou o autor, Manoel Eduardo Marinho (PT), o Maninho, que o criou há cinco anos, mas nunca conseguiu colocá-lo em votação.

Só que Maninho não está com a moral muito alta entre os colegas parlamentares. "O que está faltando é cobrança do próprio autor. Não há rejeição", declarou Laércio Soares (PC do B), segundo o qual "não houve nenhum trabalho mais efetivo para que o projeto fosse para a ordem do dia." Já Milton Capel (PMDB) classifica o projeto de "demagogo", pois, para ele, o trabalho quase não muda durante o recesso.

Devagar? – Em São Caetano, o ambiente na Câmara parecia mesmo de recesso. Por dois dias consecutivos, apenas o vereador Gilberto Costa (sem partido) foi visto no prédio. A maioria das salas manteve o atendimento por meio de assessores, que asseguraram que os parlamentares aproveitam julho para manter contato com moradores em seus bairros residenciais.

Já em Mauá, apenas um dos 17 parlamentares foi encontrado em seu gabinete: Paulo Eugênio (PT). "Estamos todos trabalhando, só não temos a sessão", explicou. Evidência disso eram os gabinetes abertos, com os assessores a postos.

Rio Grande da Serra foi a única cidade da região onde não foram encontrados nenhum dos nove vereadores. Segundo a assessoria de imprensa da Casa, eles realmente não têm o hábito de passar pelo gabinete durante o recesso.




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