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Morte de jovem deixa em evidência falhas de Segurança no SAI

Desde dezembro de 2013, seis pessoas foram mortas por criminosos no Sistema Anchieta-Imigrantes

Por Daniel Macario
Do Diário do Grande ABC
29/05/2016 | 07:00
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Carlos Nogueira/A Tribuna de Santos


Tentativa de assalto ocorrida próximo ao km 59 da Rodovia dos Imigrantes, na noite de quinta-feira, e, que resultou na morte do estudante Reinaldo Lima de Souza Júnior, 17 anos, atingido na cabeça por pedra de 20 quilos durante ação de grupo criminoso, deixa em evidência falhas de Segurança do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes). Desde dezembro de 2013, foram registrados pelo menos seis óbitos do tipo nas rodovias, que ligam a Capital ao Litoral do Estado, passando pelo Grande ABC.

Responsável pelo pedágio mais caro do País (R$ 23) e eleito pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes) como tendo as melhores rodovias do território brasileiro, o SAI ainda peca no quesito segurança. Segundo o tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos, responsável pelo 1º BPRv (Batalhão de Policiamento Rodoviário), o sistema possui ao menos quatro trechos de risco (veja arte acima). “São áreas próximas de ocupações irregulares e cercadas por mata e manguezal, o que facilita a ação de criminosos e dificulta nosso trabalho.”

As ações criminosas no sistema são constantes. No fim de abril, três homens mataram, com tiro no peito, mulher de 57 anos após assaltá-la no km 47 da Via Anchieta. No mesmo local, em novembro de 2014, bando atacou ônibus com 34 pessoas. Nesta ocasião ninguém ficou ferido.
“Esses assaltos são antigos. Sinceramente, é a primeira vez que vejo diversas viaturas fazendo ronda aqui na rodovia (Imigrantes). Devem estar fazendo isso porque a morte do menino foi noticiada em diversos canais”, aponta o caminhoneiro Rafael Lins da Silva, 38 anos.

Na noite de sexta-feira, a equipe do Diário percorreu as duas rodovias e constatou cenário de medo a que usuários do sistema são submetidos diariamente. Na Rodovia dos Imigrantes, as primeiras dificuldades aparecem na praça de pedágio, no km 32, onde motoristas são obrigados a redobrar o cuidado. Isso porque ambulantes dominam as entradas das cabines para venda irregular de alimentos.

No km 59, local da tragédia de quinta-feira, a apreensão de motoristas se agrava. O trecho com iluminação quase nula, está próximo a ocupações irregulares da Vila Esperança, Cubatão, e é cercado por mata, o que favorece a ação dos criminosos. “Quanto tem trânsito nesse trecho, entro em pânico. Carrego muita mercadoria e eles sabem identificar isso. Fico sempre de olho, mas sem policiamento é difícil”, relata o entregador Francisco Antônio de Oliveira, 57.

Na sexta-feira, em decorrência da Operação Comboio, o trecho ficou sem policiamento por 20 minutos. Nesse período, o Diário contabilizou 17 pessoas utilizando passagem irregular que leva até a Vila Esperança. Foi deste local que os criminosos atiraram pedras e galhos contra veículos na quinta-feira.

Os próprios policiais que fazem ronda no local avaliam que manter a segurança da área é difícil. “Sempre fica uma viatura neste ponto, mas fazemos ronda e tem momentos em que fica vazio aqui. É difícil o controle”, relata um soldado da Polícia Militar Rodoviária que não quis se identificar.

Já na Via Anchieta, o motorista precisa ter cautela. A iluminação baixa somada à neblina e as curvas acentuadas exigem cuidado. Para agravar a situação, pontos onde estão instaladas centrais de apoio não têm iluminação adequada.

Ecovias diz ter instalado câmeras, muro e iluminação no local do crime

A Ecovias, responsável pelo SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), disse não ser “responsável pela Segurança Pública” da área onde ocorreu a tentativa de assalto que resultou em morte no km 59 da Rodovia dos Imigrantes, em Cubatão. Segundo a concessionária, além de instaladas novas câmeras, telamento e iluminação, foram erguidos muros de concreto de três metros de altura entre os km 58,5 e km 59,5, e do km 68 ao km 68,8 na Rodovia dos Imigrantes.

A Polícia Civil divulgou na sexta-feira retrato falado do suspeito de atirar a pedra que atingiu e matou o estudante Reinaldo Lima de Souza Júnior, 17 anos, na noite de quinta-feira. Até o momento, ninguém foi preso.

O secretário de Segurança Pública do Estado, Mágino Alves Barboza Filho, destacou ontem, em entrevista coletiva, que vai intensificar o policiamento no local e pediu à Ecovias melhorias na iluminação ao fim do muro já erguido, além de novas câmeras de monitoramento.
 




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