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Primeiro-ministro pede desculpas pelo sofrimento causado pelo Japão
Por Do Diário OnLine
Com AFP
22/04/2005 | 10:20
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O primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, pediu desculpas pelo sofrimento causado pelo Japão a muitos povos no passado e disse que o país tem um “profundo remorso”. A declaração foi dada durante a cúpula afro-asiática de Jacarta.

Nesta sexta-feira, durante a reunião de cúpula, Koizumi evocou o profundo arrependimento e pediu desculpas sinceras por tudo que foi provocado por seu país em nome do Império. O primeiro-ministro não mencionou explicitamente a crise que o Japão e a China vivem no momento, quando as relações entre as duas nações asiáticas se encontram sob grande tensão.

"No passado, o Japão, através de sua administração e suas agressões coloniais, causou sofrimentos a povos de vários países, sobretudo a nações asiáticas. O Japão analisa estes fatos históricos com um espírito de humildade", disse Koizumi.

"E, com um sentimento de profundo remorso e desculpas sinceras sempre presentes no espírito, o Japão tem buscado constantemente, desde a Segunda Guerra Mundial, não ser uma potência política e sim uma potência econômica para resolver todos os problemas por uma via pacífica e não pela força", acrescentou.

Koizumi garantiu também que se reunirá com o presidente da China, Hu Jintao, para discutir a crise diplomática entre os dois países. Segundo uma autoridade japonesa, o encontro deve acontecer no sábado, depois da visita do premier japonês à província indonésia de Aceh, arrasada pelo maremoto de dezembro.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Kong Quan, fez questão de elogiar a atitude do líder japonês. "Lembrando de 60 anos atrás, o grande dano que (Japão) causou aos países da Ásia, incluindo a China, nós damos boas-vindas à atitude de Koizumi", afirmou.

Responsáveis chineses haviam declarado que se Koizumi apresentasse um pedido de desculpas, o presidente Hu Jintao provavelmente aceitaria se reunir com ele à margem da cúpula afro-asiática organizada para celebrar o 50º aniversário da Conferência de Bandung. Os dois líderes estiveram juntos em uma mesma sala nesta sexta-feira pela manhã, mas sem travar qualquer contato nem sequer uma saudação.

No passado, o Japão já havia pedido desculpas pelos seus atos durante a Primeira Guerra Mundial, em um gesto considerado insuficiente pelos países vizinhos.

Da mesma forma que Koizumi, Hu não fez qualquer alusão à crise sino-japonesa, limitando-se a insistir no compromisso pacífico de seu país, o maior parceiro comercial do Japão.

Nas últimas semanas várias manifestações violentas antijaponesas foram registradas na China, depois de Pequim ter acusado Tóquio de minimizar as atrocidades cometidas pelas tropas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial.

As desculpas de Koizumi não impediram, contudo, que a China protestasse energicamente contra a peregrinação efetuada nesta sexta-feira por parlamentares japoneses ao santuário patriótico de Yasukuni, em Tóquio.

O pedido de desculpas do dirigente japonês aconteceu perante 50 chefes de Estado da Ásia e da África, assim como sob o olhar do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. O Japão deseja obter rapidamente o posto de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, o que irrita a China.

A tensão sino-japonesa tirou a força de outros temas na reunião de Jacarta. Annan reiterou na reunião mais uma vez suas propostas de reforma da ONU. "Acredito que é chegado o momento em que os Estados membros devem tomar uma decisão para fazer que o Conselho (de Segurança) seja mais representativo, sobretudo melhorando a representatividade dos países em desenvolvimento", destacou Annan, que ainda pediu a reativação do espírito de Bandung.

Em 1955, de 18 a 24 de abril, 29 países asiáticos e africanos, todos do Terceiro Mundo, se reuniram em Bandung, 120 km ao sudeste de Jacarta. O comunicado final do evento entrou para a história da descolonização e dos países subdesenvolvidos.



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