Política Titulo Eleição
Posse inicia prazo
para cumprir promessas

Prefeitos do Grande ABC começam nesta terça gestão e têm
1.460 dias para honrar as propostas feitas no período eleitoral

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
01/01/2013 | 07:00
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A posse, marcada para hoje nas sete cidades, inicia o mandato dos novos prefeitos no Grande ABC. Carlos Grana (PT-Santo André), Luiz Marinho (PT-São Bernardo), Paulo Pinheiro (PMDB-São Caetano), Lauro Michels (PV-Diadema), Donisete Braga (PT-Mauá), Saulo Benevides (PMDB-Ribeirão Pires) e Gabriel Maranhão (PSDB-Rio Grande da Serra) têm quatro anos - exatos 1.460 dias - para justificar os 832.338 votos que receberam juntos e cumprir a série de promessas feitas na campanha.

Os novos gestores públicos administrarão orçamentos somados de R$ 9,9 bilhões, trabalharão para 2.581.544 habitantes e lidarão com PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 70,3 bilhões (quarto maior do País). A cartela de problemas é proporcionalmente extensa ao tamanho e potencial econômico da região. A começar pela dívida dos sete Paços, estimada em R$ 4,3 bilhões.

Terão também de resolver gargalos no trânsito regional; criar vagas em creches e escolas de Ensino Básico; abrir vagas no mercado de trabalho (o Grande ABC tem 136 mil desempregados); construir moradias, principalmente para tirar moradores de áreas de risco; e garantir qualidade nos hospitais públicos.

Quatro dos sete municípios optaram pela mudança na linha de governo. Santo André decidiu pelo retorno de administrações petistas e negou reeleição a Aidan Ravin (PTB). Pinheiro desbancou hegemonia de 30 anos do PTB em São Caetano. Michels acabou com dinastia de três décadas de gestões petistas, impedindo renovação de mandato de Mário Reali (PT). Saulo bateu Dedé (PPS), que tinha aval da gestão Clóvis Volpi (PV).

Marinho foi o único prefeito reeleito na região - com 261.339 votos, o petista triunfou já no primeiro turno em São Bernardo. Donisete vai herdar o Executivo de Mauá do correligionário Oswaldo Dias (PT). Gabriel Maranhão dará continuidade ao trabalho do padrinho político Adler Kiko Teixeira (PSDB).

 

Grana: resgate do modelo do PT

O deputado estadual Carlos Grana (PT) assume hoje como prefeito de Santo André com a promessa de resgatar a metodologia petista de governar, que imperou na cidade durante 12 anos (entre 1997 e 2008) e foi iniciada por Celso Daniel (morto em 2002) em 1989.

Grana pretende inundar o município com recursos da União. Entre os projetos que contarão com verba federal estão a construção de quatro UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento 24 horas) e abertura de 12 creches. Duas Escolas Técnicas Federais de Ensino Médio também figuraram na cartela de promessas do futuro chefe do Executivo.

O prefeito eleito garante recompor lacunas deixadas pela gestão de Aidan Ravin (PTB). Para simbolizar a proposta, afiança que vai reformar o estádio municipal Bruno José Daniel, transformando o espaço em arena multiuso.

Projetos anunciados por Celso Daniel há duas décadas estão entre as promessas, como o resgate da reestruturação do Eixo Tamanduateí e regiões afetadas pelo Rodoanel.

 

Saulo e Maranhão: avanços

Saulo Benevides (PMDB) e Gabriel Maranhão (PSDB) iniciam mandato hoje com a tarefa de trazer avanços a Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, respectivamente, cidades que possuem limitações econômicas por estarem em área de manancial.

As promessas do peemedebista é aumentar a capacidade de investimentos de Ribeirão explorando o setor turístico da cidade. Pegando carona no Festival do Chocolate, Saulo quer construir uma fábrica do doce, além de abrir um centro para festividades e para feira de artesanato.

O ex-vereador prometeu também construir uma minirrodoviária no Centro Alto, instalar túnel ou viaduto para ligar o Centro Alto ao Centro Baixo e implementar ciclovias nos bairros mais periféricos.

Em Rio Grande, a intenção de Maranhão é seguir o legado de Adler Kiko Teixeira (PSDB) e a parceria com o governo do Estado. Entre as propostas estão duas Emebs (Escolas Municipais de Educação Básica), três creches, Parque Ecológico Construção de UBS (Unidade Básica de Saúde) na Vila São João, um Caps (Centro de Apoio Psicossocial) e uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas).

 

Marinho: manutenção da gestão

Único prefeito reeleito no Grande ABC, Luiz Marinho (PT) baseou sua campanha na intensificação das obras em andamento em São Bernardo, já presentes no plano de governo de 2008.

Cotado para encabeçar a candidatura do PT ao governo do Estado em 2014 ou 2018, Marinho pretende fazer da cidade sua vitrine eleitoral. Para isso, prometeu diversas intervenções de grande porte, a maioria financiada com recurso federal.

O petista afirma que vai entregar até o fim deste ano o Hospital Municipal de Clínicas, promessa de 2008. Diz também que vai erguer mais um CEU (Centro Educacional Unificado) e construir um piscinão na região do Paço. Mas as principais propostas estão na Mobilidade Urbana.

Marinho tem planos para implementar 12 corredores de ônibus na cidade e colocar uma ponte sobre a Rodovia Anchieta para ligar os bairros Rudge Ramos, Taboão e Paulicéia. Seria a última etapa para a reformulação da Avenida Lions, que une São Bernardo e Santo André.

 

Pinheiro: olhar à terceira idade

Paulo Pinheiro quer iniciar o primeiro governo do PMDB após 30 anos de gestões do PTB em São Caetano com olhar à terceira idade. Foi nessa faixa etária que o peemedebista sempre atuou como médico e em que ele pavimentou sua vitória sobre Regina Maura Zetone (PTB).

Suas principais promessas de campanha foram voltadas à Saúde e lazer da população mais antiga de São Caetano. Ele diz que vai construir o Hospital e Casa Dia do Idoso, ampliar o atendimento das UBSs (Unidades Básicas de Saúde), transformar o Hospital São Caetano em referência regional e implementar linhas de ônibus gratuitas com trajetos para os centros de terceira idade.

Pinheiro afiança que não vai extinguir programas da gestão de José Auricchio Júnior (PTB), como o Prófamília, o pró-aluguel e curso de capacitação com empregos na própria Prefeitura.

Para honrar com as propostas, Pinheiro salienta que brigará para manter o imposto recolhido junto à Petrobras para São Caetano.

 

Michels: parceria com o Estado

Diadema vivenciou três décadas de gestões do PT e de seus aliados, 12 anos em fina sintonia com a União. Com Lauro Michels (PV), a cidade terá relação mais próxima com o governo do Estado.

Muitas das propostas feitas pelo verde durante a campanha se escora em recursos estaduais. Michels prometeu um AME (Ambulatório Médico de Especialidades), unidade da Rede Lucy Montoro para pessoas com necessidades especiais e manutenção da gratuidade na integração nos terminais Diadema e Piraporinha da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos).

O futuro prefeito garante a redução do horário da Lei de Fechamento de Bares, mas vai criar bolsão de entretenimento nos moldes da Avenida Kennedy, em São Bernardo, e Rua Figueiras, em Santo André.

Sua principal promessa foi cortar em 35% o número de cargos comissionados da Prefeitura para ampliar a capacidade de investimento do Paço diademense e possibilitar o Plano de Carreira do funcionalismo público.

 

Donisete: reestruturação de Mauá

Sucessor do correligionário Oswaldo Dias, o petista Donisete Braga difundiu durante a campanha a missão de reestruturar Mauá para a vinda de recursos federais. Dinheiro esse que auxiliará diversas áreas da cidade.

Sua principal proposta, no entanto, tem ligação direta com o governo do Estado: devolver a gestão do Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini para o Executivo estadual.

Com a União, Donisete pretende captar verba para construção de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) nos jardins Luzitano e Miranda, instalar cinco CEUs (Centros Educacionais Unificados), abrir oito creches e tirar do discurso o campus mauaense da Universidade Federal do ABC.

Outra fonte de receita mirada pelo petista é o imposto da Refinaria de Capuava, que hoje é repartido entre São Caetano e Barueri. O recurso ajudaria a financiar a construção de corredores de ônibus, terminal rodoferroviário, centro de referência do idoso e restaurante popular no Jardim Zaíra. Ele também promete oferecer internet grátis.

 

Quatro presidentes de Câmara estão bem encaminhados

Quatro dos sete presidentes de Câmara no Grande ABC para o biênio 2013/2014 estão praticamente definidos. As discussões em Santo André, São Bernardo, Mauá e Rio Grande da Serra estão avançadas e vão ficar nas mãos de aliados dos prefeitos que serão empossados hoje.

A eleição para a presidência dos Legislativos ocorre hoje, pouco depois da posse dos 140 vereadores - Sargento Juliano (PMDB) e José de Araújo (PMDB) não serão empossados por pendências eleitorais. A ausência dos peemedebistas reforça o favoritismo de José Montoro Filho, o Montorinho (PT), para comandar a Casa nos dois primeiros anos de gestão de Carlos Grana (PT).

Em São Bernardo, o racha na oposição fortalece o petista Tião Mateus para gerenciar o Parlamento no governo de Luiz Marinho (PT). Já em Mauá, que será administrada por Donisete Braga (PT), há grande possibilidade de chapa única, encabeçada por Paulo Suares (PT). O cenário também está fechado em Rio Grande da Serra, onde Edvaldo Guerra (PV) será eleito para comandar a Casa nos dois primeiros anos do governo de Gabriel Maranhão (PSDB).

A situação segue indefinida em São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires. Na cidade que será gerida por Paulo Pinheiro (PMDB), Sidão da Padaria (PSB) está próximo de se manter como presidente da Câmara, mas articulação de Jorge Salgado (PTB) ainda pode render surpresas.

Em Diadema, a chapa de oposição ao prefeito Lauro Michels (PV) é encabeçada por Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), e está próxima da vitória. Michels ainda costura para ver Célio Boi (PSB) como mandatário do Legislativo diademense.

Edson Savietto, o Banha (PDT), Mercedes D'Orto (PV) e Anderson Benevides (PMN) protagonizam a disputa em Ribeirão Pires, que a partir de hoje será administrada por Saulo Benevides (PMDB).

 

 




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