O privilégio concedido ao 2º DP causou ciúme na direção do 3º DP da cidade, no bairro Assunção. “Agora, eu também quero desencalhar pelo menos 17 veículos daqui”, disse o delegado titular, Frederico Prouse. A Ciretran havia feito a mesma promessa à delegacia do bairro Assunção, de levar dali dez carros. “Bom, nesse caso, vou verificar se apertamos o pátio um tanto a mais”, respondeu Campos, diretor da Ciretran, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês. Ele afirma que é complicado espremer o pátio porque depois fica difícil tirá-los de lá.
Até o fim da tarde desta quinta, apenas seis carros haviam sido removidos das proximidades do 3º DP. “Mas temos uma garantia documentada de que levarão os dez veículos conforme o acordo”, afirmou o delegado Prouse. As vias no entorno do 2º DP e do 3º DP de São Bernardo são as mais prejudicadas com os carros apreendidos pela polícia, que não conseguem lugar no pátio da cidade, lotado com 2 mil veículos. Por isso, ficam abandonados nas ruas próximas das delegacias à espera de transferência ou de outra solução – o proprietário pode retirá-lo ou a seguradora, por exemplo.
A medida paliativa do diretor da Ciretran, Campos, de retirar os carros das ruas ocorreu após denúncia do Diário, na terça-feira. Os que mais sofrem com os veículos espalhados são os moradores vizinhos aos sete DPs da cidade. Além de ocuparem vagas das ruas, muitas vezes são estacionados em cima das calçadas. O problema é crônico nas sete delegacias da cidade há cerca de seis anos.
O administrador aposentado Renato Rigato, 57 anos, teve um problema mais sério do que um simples incômodo. Ele mora na rua Argia, paralela à avenida João Firmino, onde fica o 3º DP. Há seis meses, a rua de sua casa começou a ser invadida com os carros apreendidos. Por isso, Rigato perdeu o inquilino que alugava o salão comercial em frente à sua casa.
As remoções animaram o aposentado. Porém, a animação durou pouco. Nesta quinta, após a retirada, a polícia a-preendeu uma carreta, que foi estacionada em frente da delegacia. Resultado: os carros que estavam em frente do DP migraram, de novo, para a porta da casa de Rigato.
“Isso parece brincadeira”, comentou furioso. A polícia disse que a carreta deve ser liberada nos próximos dias e que os carros encalhados na rua de Rigato serão os próximos a ir para o pátio.
Solução – O diretor da Ciretran diz que só em um mês terá um levantamento detalhado das condições de todos os carros do pátio. Só então diz que poderá avaliar quais poderão ir a leilão ou não. No entanto, ele afirma de antemão que a maioria tem pendências judiciais – geralmente inquéritos policiais ou com documentação irregular –, condições que o impedem de leiloar o veículo.
Carlos Roberto de Campos promete começar a resolver o problema da falta de espaço daqui a um mês e acredita que a situação deva melhorar, de fato, daqui a seis meses. Prefeitura e Estado têm projetos de criação de dois novos pátios na cidade, mas nenhum deles saiu ainda do plano das idéias.
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