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Palhaços da região destacam dores e alegrias da profissão

Na data dedicada aos mestres do sorriso, três gerações de artistas do Grande ABC apontam mudança do perfil das crianças

Por Victor Hugo Storti
Especial para o Diário
10/12/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Presentes em várias ocasiões durante a vida, os palhaços têm a função de levar alegria e arrancar sorrisos de crianças, adultos e idosos por onde passam, com suas calças quadriculadas, sapatos gigantescos e com o famoso nariz vermelho. Hoje, a festa é deles, já que a data marca o Dia do Palhaço. A equipe do Diário conversou com três gerações de profissionais, que fazem do ofício de despertar sorrisos seu ganha- pão entre as sete cidades.

Armando Ferreira, 81 anos, interpreta o palhaço Cavadinha há mais de 60 anos. O morador de Santo André contou que sua origem não é a mesma da maioria destes profissionais. “Não nasci em circo, mas morava perto de um e sempre quis fazer (o espetáculo). Quando tinha 15 anos, entrei na escola de teatro do Sesi (Serviço Social da Indústria), doido para me tornar palhaço. E lá eu consegui.”

Pai de dois filhos, que também abraçaram a profissão – Fubeca e Rabanete –, Ferreira afirmou que hoje em dia o ofício encontra dificuldades para sobreviver, devido à pouca demanda. “Eu costumava fazer de cinco a oito shows por semana. Hoje, quando são três eu já considero que é bastante”, lamentou.

Palhaço Cavadinha também fez questão de lembrar do dia em que seu filho se casou, mas não por conta da festa. “Fui na cerimônia e, quando todos estavam se cumprimentando, saí rápido para me arrumar e fui fazer um show para todos”, relembrou

Para definir como é a atividade artística, Cavadinha utilizou uma frase que o acompanha desde os primeiros anos de profissão. “Ser palhaço é transpor o ridículo. E, principalmente, levar alegria para todos”, completou.

O também palhaço Eduardo Camargo, 42, que interpreta o personagem Paçoca, contou que a influência vem desde pequeno, quando visitava o circo com o pai. “Fui ajudante de uma dupla de palhaços e sempre gostei. Fui aprendendo e já tenho 11 anos de palhaçada. Me sinto realizado, porque é um trabalho que vem de dentro”, disse.

Camargo afirmou que atualmente é comum perceber que, durante o show, o personagem alegra mais os adultos do que as crianças. Isso se deve, segundo ele, ao fato de a fonte de diversão dos mais novos ter mudado durante o tempo. “Hoje, a criançada leva computador e tablet para as festas e não presta atenção no palhaço. A gente brinca com os adultos mesmo”, destacou.

Ainda segundo Camargo, a remuneração média por show é de R$ 250, com média de cinco apresentações por mês. “Tenho outra profissão. Trabalho com comunicação gráfica. O ofício de palhaço é mais para os sábados e domingos, mas é muito importante para mim.”

Muito alegre, Paçoca contou que o que mais o encanta no trabalho de palhaço é a oportunidade de ver crianças sorrindo. “A gente vive o momento. Muitas vezes nos emocionamos e isso é normal. Nós fazemos shows para 200 crianças e ver elas sorrindo é algo encantador”, concluiu.

Apesar das dificuldades, a carreira de palhaço já conta com integrantes da nova geração. Nathan Marin, 14, é exemplo. Ele faz dupla com Camargo e interpreta o Paçoquinha. “A minha geração não teve muita presença em circo, é muito mais de shopping e da tecnologia. Mas gosto muito, não tem coisa melhor do que provocar uma risada no rosto de uma criança”, afirmou.




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