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Pirata 'rouba' R$ 34 milhões de locadoras
Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
22/07/2006 | 08:14
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As videolocadoras formalmente constituídas do Grande ABC deixam de faturar R$ 34,2 milhões anuais devido à pirataria de DVDs. Essa é a estimativa do Sindemvídeo (Sindicato das Videolocadoras do Estado de São Paulo), para quem os estabelecimentos do setor perdem em média 50% do faturamento em função da comercialização de DVDs falsificados. Segundo a entidade, há 285 locadoras legalizadas na região, que faturam em média R$ 10 mil mensais.

No Estado de São Paulo, onde o Sindemvídio contabiliza cerca de 4 mil estabelecimentos, o prejuízo à atividade é de R$ 480 milhões. De acordo com a entidade, as videolocadoras paulistas empregam 12 mil pessoas.

"O impacto da pirataria sobre o setor acentuou-se a partir do ano passado. Desde então, a comercialização de DVDs piratas no país ultrapassou a barreira do suportável. Tem gente sublocando estabelecimentos, montando bancas no fundo de lojas. Infelizmente, isso vai causar a quebra de muitas locadoras", avalia o presidente do Sindemvídeo, Antonio Marcos Zanon.

O problema, segundo Zanon, é que os DVDs piratas custam em torno de R$ 5, praticamente o mesmo valor cobrado, em média, por uma locação. "Dessa forma, o consumidor, principalmente o de baixa renda, acha mais interessante comprar uma cópia pirata do que alugar um DVD original", salienta.

Não bastasse a desvantagem no quesito preço, o setor ainda tem de enfrentar uma concorrência que se antecipa até mesmo aos cinemas. "Os lançamentos chegam mais cedo às bancas de DVDs piratas. Antes, eram filmagens da tela do cinema. Agora, esses filmes trazem até menu de idiomas", denuncia.

O representante do Sindemvídeo no Grande ABC, Fabiano Olivares, sabe bem o "estrago" que a pirataria pode causar às locadoras. Proprietário da Fama Vídeo em Mauá, Olivares faturava R$ 24 mil por mês no início do ano passado. Hoje, com o acirramento da concorrência ilegal, a receita caiu para R$ 8 mil. "Tive de demitir três dos cinco funcionários que tinha", lamenta.

Zanon também observa que, com o crescimento da pirataria, teve início um processo de canibalização do setor, em que, para sobreviver no mercado, alguns estabelecimentos passaram a cobrar locações na casa de R$ 2,50. "Esse preço é economicamente inviável", afirma o empresário, que é de São Bernardo.

Ele explica: um filme blockbuster chega a custar R$ 110 para a locadora. A convenção do mercado é que o retorno deve ocorrer em 20 locações. Dessa forma, "o preço justo de uma locação é R$ 5,50". Zanon revela que o período de maior ocorrência de aluguéis é de seis semanas contadas a partir da chegada da fita à prateleira. "Se o DVD não se pagar nesse período, não se paga mais", diz.

O proprietário de uma locadora em São Bernardo, que preferiu não se identificar, pretende vender o estabelecimento que ele comprou faz três anos. O motivo: desde o início do ano passado, o número de locações caiu de 2,15 mil ao mês para mil em junho passado. Depois que "passar" o ponto, pretende ganhar a vida como representante comercial de uma produtora – atividade que, hoje, ele exerce paralelamente. "Como vendedor, eu ganho muito mais", garante.

Representantes do Sindemvídeo, da Adepi (Associação de Defesa da Propriedade Intelectual) e proprietários de locadoras da região vão se reunir quinta-feira com o prefeito de São Bernardo, William Dib, que também preside o Consórcio Intermunicipal do ABC. "O objetivo é discutir mecanismos de impedir a ação dos comerciantes. Vamos reivindicar o aumento da fiscalização", diz Zanon.

Segundo a Adepi, a comercialização de produtos piratas causa prejuízo de R$ 198 milhões às indústrias brasileiras de audiovisual.




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