Setecidades Titulo Diadema
Pancadão diminui, mas ainda atormenta

Balanço mostra que funkeiros usam outros métodos para promover suas festas

Rafael Ribeiro
do Diário do Grande ABC
22/05/2012 | 07:00
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A Praça Calimã, no bairro Taboão, era um dos principais pontos de pancadões de Diadema. Desde o ano passado, no entanto, com as constantes ações da Prefeitura e Polícia Militar, as festas a céu aberto regadas a drogas e adolescentes pararam. Quer dizer, em partes. Sem música, os abusos continuam em menor escala.

Os funkeiros tentaram driblar a fiscalização local usando outros métodos: carros pequenos, poucas pessoas e consumo escondido de álcool.

Números divulgados pela Prefeitura (veja tabela ao lado) mostram que desde a implantação da chamada Operação Sossego Público, em janeiro, as autoridades estão atentas. Depois da lei que fecha bares e similares às 23h e ações que coíbem a realização dos pancadões, o poder municipal mudou a legislação. "A fiscalização era vaga e a punição amena. A multa era muito baixa", disse Emílio D'Ângelo Júnior, comandante da Guarda Civil Municipal. Hoje, os infratores pagam taxa entre R$ 256 e R$ 2.560.

Essa também é a explicação para o fato de, em comparação direta entre os meses de janeiro e abril de 2011 e neste ano, apenas som alto de veículos e residências mostraram aumento no número de autuações. Em quatro meses, foram 208 ocorrências atendidas, 21,21% menos que no mesmo período de 2011. Mas o problema ainda está longe de ter seu fim.

"É claro que não será 100% da população que obedecerá às leis. O que vai nos dizer se podemos relaxar na fiscalização é a postura das pessoas. Elas têm de entender que o bem coletivo prevalece sobre o individual. Mas está claro que esse tipo de diversão não é aprovado pela maioria", disse o major Djalma de Lima Santos, comandante da Polícia Militar na cidade.

Para ele, no entanto, mesmo com o desrespeito, já está claro para a população que os pancadões não serão tolerados. "Todo mundo já sabe que não vai dar certo. Estamos fazendo seguidas operações justamente para manter a ordem e coibir o crime", apontou o major. "As pessoas que gostam desse tipo de festa tiveram de ir a outros lugares, como a Capital e Santo André. E o que a polícia fez lá? O mesmo que nós", completou.

Filhos reclamam, mas pais aprovam fiscalização

Se os pais aprovam o fim dos pancadões, os filhos têm saudades dos bailes a céu aberto. Moradora da Praça Calimã, a dona de casa Ivonete Nogueira, 56 anos, diz que não tinha nada contra a música e que existia o respeito. "Era todo fim de semana. Quando eles usavam meu muro como banheiro, eu dava bronca", disse. Um adolescente ao lado retruca. "A gente sente falta."

A equipe do Diário rodou por pontos da cidade considerados críticos pela Polícia Militar. Em todos, os moradores relatam algum tipo de abuso, agora sem som. "Mas como sabemos que funciona, é só ligar para a polícia", disse um homem no Jardim das Paineiras.

A dona de casa Anália Moral, 54, mora em frente a um dos locais que mais contavam com funkeiros no bairro Casa Grande. "A gente ficava aflito. Meu filho sempre ia. Eu falava para ele que era perigoso, mas ele contava que todos os seus amigos estavam lá", disse.

O aposentado Valter Lopes, 58, comemora o sossego, mas alerta que os responsáveis pelos tumultos vinham de longe. "Uma vez um matou o outro aqui na frente de casa. Descobrimos que vieram do Heliópolis e de São Mateus (ambos na Capital). A cidade atraía o que tinha de pior para cá. Os moradores já não saíam de casa com medo", disse. Agora, uma faixa enfatiza que quem ligar o som será punido. "Já liguei um monte de vezes para a polícia"




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