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Crises financeira e interna perseguem Dácio Matheus

Após polêmicas, reitor da UFABC pelos próximos quatro anos terá pela frente inúmeros desafios

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
25/06/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


O processo eleitoral que conduziu Dácio Roberto Matheus ao cargo de reitor da UFABC (Universidade Federal do ABC) – com campi em Santo André e São Bernardo – foi, sem dúvidas, o mais polêmico da instituição desde a sua criação, em 2005. O fator político atrasou por seis meses a nomeação do candidato mais bem votado de lista tríplice pelo presidente Michel Temer (MDB). Como consequência, pelos próximos quatro anos, além da necessidade de gerir a instituição – hoje com 11,3 mil alunos – com orçamento apertado, ele terá pela frente o desafio de não deixar com que a crise interna afete a qualidade do ensino.

Em entrevista ao Diário, Matheus destaca que a proposta de continuar na reitoria – foi vice-reitor nos últimos quatro anos – é resultado de “compromisso com a universidade e com o projeto pedagógico”.Embora tenha sido nomeado como reitor em 28 de maio e tomado posse em 1º de junho, cerimônia de transmissão de cargo – do ex-reitor Klaus Capelle – será realizada hoje. Pela primeira vez, e de forma bastante simbólica, o evento não será feito em um anfiteatro, mas no piso vermelho do campus Santo André.

“O que aconteceu é que houve uma movimentação política sim, numa tentativa de sugerir que não se seguisse a indicação da comunidade e do colégio”, considera o novo reitor sobre o processo de eleição. Matheus acredita, ainda, que a considerada “ação de grupo pequeno” motivou a estabilidade da comunidade acadêmica em torno do que denomina “garantia da autonomia universitária”. “Isso nos uniu ainda mais”, confia.

O Diário chegou a mostrar que Temer cogitou não seguir a tradição de referendar a eleição interna e nomear o segundo ou o terceiro colocados no pleito devido a suposto alinhamento de Matheus ao PT. A UFABC foi inaugurada pelo ex-presidente Lula como símbolo do processo de expansão das universidades federais e é tida como a ‘menina dos olhos’ do ex-presidente.

“Acho que a gente tem de lidar com fatos e não com boatos. Essa é uma universidade que nasce sim de uma reivindicação dos movimentos sociais da região, não do Lula. Quem precisava e quem lutou por essa universidade foi a região e muito antes até da chegada do Lula à Presidência. É uma universidade do Grande ABC, que é muito maior do que o Lula”, considera o reitor.

Sobre as divergências políticas na universidade, Matheus garante que a liberdade de expressão de “todas as tendências” é a chave para evitar guerra partidária. “O cuidado nosso é justamente garantir esse espaço aberto do livre pensamento. Às vezes dá um pouco de trabalho, porque algumas linhas querem judicializar tudo. Mas temos conseguido nos explicar (aos órgãos de controle quando questionados)”, diz. 




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