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Retaliação é hipótese para
bombas no Jardim Kennedy
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
23/07/2011 | 07:22
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As bombas detonadas ontem pelo Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar no Jardim Kennedy, em Mauá, podem ser uma forma de protesto contra a reintegração de posse da área, que completa hoje 27 dias. Esta será uma das linhas de investigação do inquérito instaurado pelo 2º Distrito Policial da cidade, onde foi registrada a ocorrência.

Os artefatos foram descobertos por volta das 8h de ontem, mas estavam em uma das unidades habitacionais da Rua Mário José da Silva desde quarta-feira. Quem primeiro viu as bombas foi o ajudante de pedreiro Raimundo José de Souza, 60 anos. Ele estava na casa da filha, por volta das 20h30 de quarta-feira, quando ouviu um barulho no imóvel vizinho ao seu, no qual não há moradores. "Fui ver o que era e a coisa começou a fazer barulho e soltar faísca. Depois, foi uma fumaceira só. Saí correndo", disse.

Como os objetos pararam de fazer barulho, Souza não comentou com ninguém o que havia acontecido. Até a manhã de ontem, quando a vizinha Vera Lúcia dos Santos, 52, foi procurar o filho do ajudante de pedreiro para fazer um serviço em sua casa. "Ele me mostrou e eu falei ‘sai de perto porque isso daí é bomba'", afirmou.

Os moradores acionaram a Polícia Militar, que chegou por volta das 10h e isolou o local. O Gate foi chamado e só chegou quatro horas depois. Curiosos, os moradores acompanharam o trabalho dos policiais até que as duas bombas fossem detonadas, por volta das 14h45. O primeiro estampido, abafado por sacos de areia utilizados pelos especialistas, assustou os vizinhos.

Os artefatos foram construídos com tubo de PVC e lata de spray. Estavam amarrados com arame e tinham um pavio em uma das extremidades. 

REINTEGRAÇÃO
Esta não é a única ameaça que os moradores sofreram desde que se mudaram para as unidades habitacionais, que ficaram abandonadas por cinco anos. As casas estavam ocupadas desde o início de 2011 por 40 famílias de diversos pontos de Mauá, que invadiram o local cansadas de vê-lo ser utilizado como ponto de droga e prostituição.

Assim que foi cumprida a reintegração de posse, no dia 27 de junho, os verdadeiros proprietários se mudaram. Porém, as residências estão deterioradas e não têm muro ou qualquer tipo de proteção. "Durante a noite mexem nas portas e janelas. Morro de medo", disse a dona de casa Maria do Socorro dos Santos Alencar Trindade, 27.

Vizinhos acreditam que os antigos ocupantes e os moradores da favela os intimidam. "Falta iluminação pública e a presença da polícia", afirmou a dona de casa Daniela de Lima, 32. A polícia permaneceu no local nos primeiros 15 dias após a reintegração, segundo os vizinhos. Só voltou a aparecer ontem. "Precisamos da polícia aqui para nos proteger", pediu Daniela.




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