Política Titulo Paralisação
Crise e corrupção põem em xeque R$ 4,8 bilhões

Região tem obras paradas e pode perder repasses
em razão de problemas na economia e na Petrobras

Gustavo Pinchiaro
Do Diário Grande ABC
08/04/2015 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Investigação de corrupção na maior empresa estatal do País, a Petrobras, que envolve políticos dos principais partidos do Congresso Nacional, o clima de pessimismo em razão da crise na economia brasileira e a derrota eleitoral da presidente Dilma Rousseff (PT) no acumulado das cidades da região começam a refletir cada vez mais as finanças do Grande ABC. O cenário negativo somado às medidas administrativas do Palácio do Planalto colocam em xeque a garantia de investimento de R$ 4,81 bilhões em 260 obras bancadas com recursos federais.

Em visita aos canteiros das principais obras da região para Habitação, Mobilidade, Saneamento, entre outras áreas, a equipe do Diário constatou paralisação, atraso, abandono e ritmo lento, ontem.

Dessas 260 obras espalhadas pelas cidades, 127 ainda nem saíram do papel ou estão em estudos na CEF (Caixa Econômica Federal). A situação negativa tende a se agravar por conta da decisão de Dilma, via decreto 8.407/15, de cancelar projetos que ainda não tiveram verba processada no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), além de contingenciar 33% do Orçamento de 2015, o que reduz chances de novos aportes. Dados foram obtidos no Sistema de Acompanhamento de Obras da CEF.

A opinião do eleitor da região em relação a Dilma fez com que a União abandonasse o tratamento especial dado ao berço do petismo no primeiro mandato, de 2011 a 2014. O senador Aécio Neves (PSDB) venceu o segundo turno do pleito eleitoral em cinco das sete cidades, obtendo 58,05% dos votos válidos, contra 41,95%. O tucano triunfou em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires, enquanto a presidente teve preferência em Diadema e Rio Grande da Serra.

Apontada pela Operação Lava Jato da Polícia Federal como suspeita de pagar propina para ganhar concorrência de obras na Petrobras, a OAS é uma das responsáveis pela construção do Piscinão do Paço de São Bernardo, principal ação do prefeito Luiz Marinho (PT) para minimizar enchentes, projeto orçado em R$ 295,8 milhões. A empreiteira tem R$ 7,7 bilhões em dívidas e pediu recuperação judicial. Na tarde de ontem, poucos operários estavam no local e distante do principal espaço da obra. Do outro lado da rua, o Museu do Trabalho e do Trabalhador, com custo de R$ 18,8 milhões, segue paralisado.

Com expectativa de custar R$ 209 milhões, o Corredor Leste-Oeste, também de responsabilidade da OAS, foi um dos únicos a estar com o canteiro cheio de trabalhadores. A obra começou no ano passado e tem previsão de conclusão para fim de 2016.

O Hospital da Vila Luzita, em Santo André, segue emperrado e sem nenhum sinal de zelo com a estrutura, que tem tapumes caídos e muita sujeira no entorno. Intervenções de melhoria e expansão do corredor de ônibus Guarará estão distantes de serem executadas. Recuperação das margens do Córrego Guaixaya, que teve verba de R$ 29,5 milhões liberada pela União em 2010, na gestão de Aidan Ravin (PSB), está em finalização após muito atraso.

Recordista em obras que ainda não saíram do papel (são 37 das 54 previstas), Mauá pode ficar sem parte do investimento de R$ 838,69 milhões. Urbanização do Chafic e Jardim Oratório estão paralisados. Havia pouca movimentação apenas em intervenção de drenagem na Avenida João Ramalho, no Centro.

Em Diadema, terreno na Avenida Encarnação que receberia a UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas) Piraporinha se transformou em estacionamento para funcionários do Hospital Municipal. A União disponibilizou R$ 2,6 milhões para construção do equipamento, porém, há impasse, já que o prefeito Lauro Michels (PV) quer alterar o local para o Centro.  




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